A juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, determinou a prisão do advogado Francisco Faiad nesta quinta etapa da operação Sodoma com base em delações de envolvidos. Ela considerou que o advogado usou dinheiro público, desviado em esquema de combustíveis, para pagar dívidas pendente de campanha eleitoral e fazer caixa para novas disputas. A Delegacia Fazendária (Defaz) deflagrou a quinta etapa da Sodoma, esta manhã.
Faiad disputou em 2012 a Prefeitura de Cuiabá, como vice na chapa encabeçada pelo petista Lúdio Cabral, que nesta manhã foi conduzido coercitivamente à Defaz, onde presta depoimento. Não se elegeram, mas teriam restado dívidas. Faiad também disputou em 2014 uma cadeira na Assembleia Legislativa de Mato Grosso como deputado estadual. Mas também não foi eleito.
Na decisão, a juíza cita que no "período em que Francisco Faiad integrou a organização criminosa", iniciando em 11 de janeiro de 2013, na condição de secretário de Estado de Administração, na gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), ocorreu, por meio da empresa Marmeleiro Auto Posto Ltda, o desvio de dinheiro público na ordem de R$ 1,7 milhão. A magistrada considera que o dinheiro serviu para o pagamento de dívida da campanha eleitoral de 2012.
A magistrada cita ainda o desvio de mais R$ 916,875, ou seja, aproximadamente R$ 1 milhão para "formação de um caixa da futura campanha eleitoral do grupo político de Silval Barbosa no ano de 2014", quando Faiad tentou eleger-se deputado.
Sobre a verba de combustível, era "criminosamente" registrada na SAD como se estivesse sendo aplicada realmente nisso. Mas "o que consta é que o consumo não ocorria".
Sobre Lúdio, a juíza Selma comenta na decisão que embora não esteja apontado como envolvido direto na trama criminosa teve muita proximidade com "o palco onde os fatos aconteceram" e foi beneficiado direto pelo produto dos desvios.
Muito dos fatos novos vieram a tona em revelações feitas pelos ex-secretários de Estado César Roberto Zílio e Pedro Elias Domingos de Melo, ambos do staff de Silval, que celebraram com a Justiça delação premiada.
Ao citar tudo isso, a juíza determina, além de prisões, busca e apreensão contra Faiad e Lúdio e outros envolvidos nesta etapa da Sodoma, para possibilitar o acesso a documentos, objetos, como celulares e anotações, ou quaisquer elementos que possam ter relação com os ilícitos investigados. A juíza dá ordem para " abertura de portas, gavetas e outros mediante a utilização dos serviços de chaveiro, se necessário, bem como em seus veículos ou em dependências de seus locais de trabalho, residência ".
A magistrada determinou bloqueio das contas no valor de R$ 5.855.000,00 contra o ex-governador Silval, ex-chefe de gabinete de Silval Sílvio da Cunha Barbosa, do ex-adjunto da SAD na gestão de Faiad, José Jesus Nunes, do próprio Faiad e de Valdísio Viriato, da extinta Sinfra.
Trancou também mais R$ 300 mil nas contas bancárias pessoais do empreiteiro Wanderley Facheti Torres, da Trimec, e do filho dele, Rafael Yamada Torres.
Outro lado
A defesa dos investigados ainda não se posicionou sobre as acusações.