O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) teria sido citado em um depoimento na delação premiada do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró. Esta informação estaria em um pedido de homologação do complemento da delação de Cerveró. Em uma de suas últimas decisões no âmbito da operação Lava-Jato, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, indeferiu este pedido.
De acordo com reportagem do jornal O Globo, mesmo não homologado este complemento, isso não significa que as informações prestadas pelo ex-diretor da Petrobras serão descartadas. O ex-ministro do STF mandou separar os novos depoimentos, que vão tramitar de forma isolada em um novo processo "até nova decisão".
Os novos depoimentos estão sob sigilo, mas a decisão de Teori, que é pública, reproduz parte da argumentação do Ministério Público Federal (MPF), que pedia a homologação. Lá são citados três episódios. "Os novos fatos dizem respeito, essencialmente, ao pagamento de vantagens indevidas relacionadas à ampliação das instalações da BR Distribuidora (Confidere Empreendimentos); ao fornecimento de asfalto no Mato Grosso (envolvendo o governador Sival Pereira) e à aquisição de precatórios pela Petrobrás e pela BR Distribuidora", disse o MPF em documento enviado ao STF.
A reportagem do jornal aponta que houve uma confusão de nomes. “Sival Pereira é, na verdade, uma referência a Silval Barbosa, que se encontra atualmente preso, acusado de participar de um esquema de cobrança de propina e lavagem de dinheiro. O advogado dele, Ulisses Rabaneda, disse que não tinha conhecimento da citação a seu cliente e, por isso, não poderia fazer comentários”.
O pedido do MPF para homologar os novos depoimentos foi enviado ao STF em 13 de dezembro de 2016. A decisão de Teori foi tomada no dia seguinte. Em 20 de dezembro o STF já estava de recesso, quando eventuais decisões urgentes são tomadas pela presidente da corte, ministra Cármen Lúcia. Em 19 de janeiro, Teori morreu num acidente de avião. Até o momento, não foi escolhido um novo relator para a Lava-Jato.
A delação original de Cerveró foi homologada por Teori em 14 de dezembro de 2015. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Cerveró apresentou três novos anexos à delação em 23 de fevereiro de 2016. Em 27 de outubro ele foi novamente ouvido por procuradores da República e em 28 de novembro assinou o aditivo do acordo com o MPF.