Não deixei o campo.
O campo também não me deixou.
Um dia simplesmente
Um montão de leis intransigentes
Me obrigou a vir para esse depósito de gente.
Antes a minha vida era a floresta
Hoje a floresta é só boa lembrança.
De lá não saiu mais a madeira,
Mas também o caboclo perdeu sua fonte de renda.
Adeus ao canto das aves,
Adeus ao frescor das noites das matas,
Saudades ficarão marcadas para sempre,
Nas vidas que ali se juntava
Hoje a cidade tira o sono do trabalhador
Que ganhava seu pão, mantinha a família e tinha onde morar.
Hoje nas favelas das cidades, geme e chora sem salário.
Fazer o que agora seu moço?
A floresta só é para cupim comer?
Quem é da floresta, não quer saber da cidade,
Mas quem é da cidade, sabe, gosta de defender a floresta…
Mas deveria também saber, que lá tem o povo da floresta.
Ou tinha… Pois o filho do homem da floresta já está aqui na cidade,
Para o povo de lá, a cidade não passa de cemitério de homens vivos…
O filho do homem do campo agora estudou, não vai voltar mais não.
Mas também veio quem não estudou. Bem, desses nem quero falar.
Não deixei o campo,
O campo agora mora no meu coração.
Dei adeus ao campo,
Mas minha alma continua lá!
Domingos Sávio Bruno é Engenheiro florestal em Mato Grosso