“Rondonópolis é um estado de espírito”. Ouvi de Afro Stefanini essa definição. Seu sentido é muito abrangente e identifica perfeitamente a cidadezinha que brotou na barranca do Poguba, a um passo do Pantanal, predestinada a ser metrópole regional e importante centro internacional do mercado de commodities agrícolas. Tentar botar essa cidade no contexto de um livro é algo difícil, principalmente pra mim, que não sou escritor nem historiador. Mesmo assim, com minha limitação de analfabeto funcional, debrucei sobre uma ideia que acaba de ser arrematada.
Entendo que escrever é vocação e que qualidade de texto é dom. Sem constrangimento confesso minha limitação no trato das letras, frases, parágrafos, capítulos e das obras em si. Mesmo assim, insisto em continuar rascunhando, muito embora não me sinta escritor – longe de mim tal rótulo. Não passo de operário de redação, repórter em busca da notícia no competitivo mundo da informação.
Qualificação para escrever livro, não tenho. Conhecimento para resumir o período de 1970 a 2017 em algumas dezenas de páginas, menos ainda. No entanto, nem essa realidade foi capaz de desmontar meu sonho de produzir uma obra realista sobre a bela cidade onde nasceram meus dois filhos Agenor e Luiz Eduardo.
A produção do livro foi rápida. Entre uma pauta e outra dedicava algumas horas diárias para levar o projeto adiante. Em alguns finais de semana trocava os ares de Cuiabá por Rondonópolis. Pegava a velha e boa BR-364. Ia ao encontro de amigos e conhecidos para uma boa prosa que dissipasse alguma dúvida sobre tal e qual fato. Esses encontros, além de úteis aos meus registros, também tinham significados especiais na medida em que me levavam por um imaginário túnel do tempo àquela cidade empoeirada que misturava sonhos, sedução, aconchego – e também violência – dos anos 1970.
Menos por meu modesto texto, mas pela relevância dos registros e a importância dos personagens do livro, acho que fui bem além de minha capacidade. Espero que meus concidadãos leiam a obra e que gostem de seu conteúdo que exala a essência do rondonopolitanismo.
Longe do marketing visando o mercado, mas peço permissão para não revelar o título do livro. Nada de sete chaves, mas é uma forma de manter suspense sobre ele. Saibam que sua linha editorial permitiria um bom leque de alternativas para rotulá-lo, mas preferi o mais simples, o feijão com arroz.
Antecipadamente peço desculpa por não citar todos os que merecem, mas observo que os mencionados fazem jus a tanto. Na segunda-feira, 6, começará sua revisão. Creio que num período de 90 dias deverei tê-lo em mãos.
Longe, bem longe de mim a pretensão de transformar o livro na versão sobre o período a contar de seu marco temporal em 1970. Trata-se de uma modesta publicação, sem apoio das leis de incentivos culturais, para ser lida na condição de mais uma obra sobre a cidade de Daniel Moura, Irmã Luiza e tantos outros, tão bem retratada pelos seus verdadeiros historiadores e escritores.
Saibam que o modesto livro foi escrito por um autor limitado, que se pautou pela luz da razão e os apelos de seu coração rondonopolitano por opção e paixão.
Eduardo Gomes de Andrade é jornalista em Mato Grosso
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