Nunca tive dúvidas. Para mim, a única revolução verdadeira, libertadora, transformadora, duradoura e definitiva é a educação. Para mim, o primeiro e principal critério que define o sucesso ou o fracasso de uma nação, de uma geração ou de um governante é o desempenho alcançado na área educacional.
Nós, brasileiros, ainda temos um longo caminho pela frente.
Desde que nasci, nenhum presidente da República priorizou a educação. Os resultados do PIB Produto Interno Bruto sempre foram considerados infinitamente mais importantes que os do PISA Programa Internacional de Avaliação de Alunos. Nunca entenderam que os principais insumos para o desenvolvimento econômico são a inovação e a produtividade, que requerem conhecimento e cultura.
Nesse período, houve, com certeza, algum progresso parcial. Houve a universalização do acesso ao ensino fundamental e a expansão de vagas no ensino médio e superior. Todavia, a qualidade do ensino deixa muito a desejar e há muitas desigualdades regionais e de classe social. Após oito anos de ensino fundamental, enorme parcela dos estudantes não domina rudimentos de matemática, raciocínio lógico ou expressão na língua portuguesa. Mesmo as nossas melhores universidades ainda estão muito aquém de suas congêneres em outros países.
Assim, nas últimas décadas, assistiu-se a avanços notáveis em países como a Coreia do Sul, Cingapura e Portugal, enquanto o Brasil ficou estagnado ou evoluiu muito lentamente.
Tive a oportunidade de testemunhar esforços hercúleos e meritórios para melhorar essa situação em alguns estados e municípios, com destaque para o programa de escolas em horário integral no Rio de Janeiro, os Centros Integrados de Educação Pública, idealizados por Darcy Ribeiro e implementados por Leonel Brizola. Infelizmente, tais iniciativas não alcançaram os resultados possíveis e desejados, principalmente em virtude do criminoso abandono dos programas após o término dos mandatos de seus precursores. Além da falta de continuidade, inúmeras resistências corporativistas e falhas gerenciais sabotaram a execução dos programas, bem como as misérias da micropolítica feita pelos que torcem pelo insucesso de tudo o que foi proposto pelos adversários eleitorais, ainda que o preço seja pago por toda a sociedade, e mais ainda pelos setores mais pobres.
Tenho acompanhado esperançoso um conjunto de iniciativas desenvolvidas pelo governo de Mato Grosso que visam melhorar a qualidade da educação em nosso estado. Como é notório, nas avaliações anteriores do IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, MT não atingiu algumas metas e apresentou um dos piores resultados nacionais para a terceira série do ensino médio.
Assim, merece aplausos o elenco de medidas denominado Pró-Escolas, inclusive a oferta de ensino em horário integral em algumas unidades, o estímulo a atividades esportivas, como na Arena da Educação, o combate ao analfabetismo do projeto Muxirum e as ações de avaliação e formação continuada dos professores, entre outras. Já me enganei anteriormente, mas percebo que à frente do programa há uma equipe motivada e comprometida, sem a qual o discurso não se converte em realidade. Torço para que essas iniciativas vençam a inércia, o corporativismo e a burocracia.
É preciso que a sociedade brasileira entenda e assuma a revolução educacional como a grande causa nacional, acima do Estado, dos governos e dos partidos. Afinal, a definição de uma prioridade não mostra apenas quem você é hoje, mas também revela quem você quer ser no futuro.
Luiz Henrique Lima – auditor Substituto de Conselheiro do TCE-MT
Graduado em Ciências Econômicas, Especialização em Finanças Corporativas, Mestrado e Doutorado em Planejamento Ambiental, Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia.
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