No estado de Mato Grosso vive-se momentos de grande turbulência ética e moral. Cidadãos e cidadãs tiveram os seus telefones grampeados e suas vidas devassadas por escutas telefônicas ilegais promovidas por agentes da Polícia Militar, comandada por pessoas muito próximas ao governador do estado, Pedro Taques (PSDB), que se dizia ''Paladino da Moralidade" e a chefia da Casa Civil, seu primo Paulo Taques, que pediu exoneração do cargo assim que soube da repercussão da denúncia na mídia nacional.
Pode-se afirmar que houve uma afronta aos direitos civis e à democracia, na medida em que o sigilo, garantido constitucionalmente, da vida pessoal foi de forma criminosa violado. Advogados, jornalistas, detentores de mandatos, funcionários públicos, cidadãos e cidadãs de forma geral amanheceram nesta segunda-feira (15 de maio) em busca de resgatar as suas vidas, por muitos conhecidas e afrontadas.
É importante frisar que a denúncia não foi feita de forma anônima, e sim por um promotor de Justiça respeitado, que à época dos fatos exercia o cargo de secretário de estado de segurança pública, e que pediu exoneração após perceber que o próprio governador não tomou nenhuma providência em relação ao conteúdo da denúncia apresentada.
Estamos percebendo da forma mais cristalina, as artimanhas deste governo tucano: autoritário, inquisidor e policialesco, desrespeitando princípios básicos da convivência democrática, afrontando a todos e todas e envergonhando o estado de Mato Grosso.
A pergunta que não quer calar é: a quem interessa grampear pessoas de oposição ao governo?
Não obstante, temos que deixar claro que o crime de escuta clandestina está comprovado, bem como o crime de prevaricação. A sociedade precisa saber agora quem são os autores desta organização criminosa instalada no coração do governo estadual.
Nenhuma operação em curso no Brasil é tão aguda do ponto de vista criminoso quanto a violação do sigilo pessoal garantido pela Constituição Federal de inúmeras pessoas que não são acusadas. Pode-se comparar ao caso Watergate – escândalo político ocorrido na década de 1970 nos Estados Unidos que, ao vir à tona, acabou por culminar com a renúncia do presidente americano Richard Nixon eleito pelo Partido Republicano. Há que se confiar na justiça brasileira e aguardar que as providências devidas sejam tomadas.
Fato é que a PGR precisa apurar com a máxima urgência. O povo brasileiro, sobretudo o mato-grossense, precisa de respostas para continuar caminhando com esperança na justiça.
Valdir Barranco é deputado estadual e líder do PT na Assembleia Legislativa de Mato Grosso