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De 64 anos

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Algumas décadas ora enfurnado nas redações produzindo dia após dia ora nas estradas em busca da notícia. Assim o tempo passou. Tento buscar na memória, mas não consigo cristalizar o conjunto de minha produção jornalística. Agradecido a todos e principalmente a Deus, ciente de que não serei acometido pelo saudosismo, desligo o computador para sempre.

Entendo que chegou a hora de parar, mas a adversidade da vida é tanta que não posso fazê-lo já, de imediato, no estalo. Programei para setembro, o mês do meu aniversário – 67 anos. Não se trata de aposentadoria, porque sou desorganizado e não me enquadro nos benefícios dos aposentados por tempo de serviço ou idade. É simplesmente sair da redação e procurar algo para fazer ou, como se diz, ganhar o almoço para se comer na janta. Somente isso.

Até setembro, se Deus quiser, manterei a rotina com o entusiasmo do primeiro dia e sabendo tão pouco como naquela data perdida na curva do tempo. Paralelamente a isso dividirei a agenda com o projeto de escrever um livro sobre a minha Rondonópolis e sua gente.

Rondonópolis foi tema de muitos livros de nossos autores regionais. Li belas obras escritas sobre a Terra de Rondon, devorei interessantes registros históricos e aprendi muito sobre a têmpera rondonopolitana saboreando páginas e mais páginas sobre a cidade banhada pelo vermelho das águas do lendário rio Poguba dos bororos. Não creio que meu livro acrescentará uma vírgula sequer ao que se disse sobre o solo que é berço dos meus filhos Luiz Eduardo e Agenor, mas tenho certeza de que ele revelará algo que as obras até então editadas não captaram em razão de tamanha grandeza do lugar.

Segundo a espiritualidade, somente os seres têm alma, mas em se tratando de Rondonópolis discordo quanto a essa teoria. Meu livro tratará da alma rondonopolitana, porque dimensionar a cidade por seus indicadores sociais, dados econômicos e seus superlativos é fácil. No apagar das luzes de minha atividade jornalística buscarei as palavras certas, as frases corretas e a dosagem editorial exata para dar forma à imaterialidade do espírito da cidade de Daniel Moura, Walter Ulysséa, irmã Luiza, padre Lothar, Malagueta, Nalva Milta, Antônio Estolano, Hélio Garcia, Naim Charafeddini, Aroldo Marmo, cabo Marciano, Marinho Franco, Moisés Feltrin, Amélia Stefanini, William Dias, José Clemente Mendanha, Wellington Fagundes, Rosalvo Aguiar, Carlos Paniago, Afro Stefanini, João Carvalho, Rosalvo Farias, Pedro Campos, Blairo Maggi, Carlos Bezerra, Dario Hiromoto, Iracema Peixoto, Noel Paulino, Antônio Carlos, Antônio Abóbora, Beda e tantos outros.
 
O livro sobre Rondonópolis não será editado antes de setembro. Trabalharei nele após meu adeus ao jornalismo. Creio que ele chegará ao leitor em dezembro, o mês do aniversário do maior polo do agronegócio nacional. Acho que será um modesto presente de aniversário ao município que completa 64 anos.

Eduardo Gomes de Andrade é jornalista em Cuiabá
[email protected]
 

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