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Carnaval de rua em Cuiabá

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Nos anos 60 em Cuiabá tinha como ponto alto do Carnaval Popular com os desfiles dos Cordões e Blocos, era centralizado na Avenida Getúlio Vargas,  e a preparação era executada de forma mais simples possível.

A Prefeitura colocava uma corda “bem grossa” amarradas nas palmeiras e arvores em ambos os lados da Avenida, para que o povo pudesse assistir ao desfile sem invadir e atrapalhar as evoluções dos blocos e cordões, a satisfação do povo era grande e os gastos eram muito pequenos, construía-se apenas um palanque ao lado da catedral para que as autoridades, e para árbitros dos desfiles, pudessem dar as notas as agremiações carnavalescas. 
                      
E ao longo da Av. Getúlio Vargas, o povo se encontrava pelas calçadas, e no vai vem da folia seguiam, subindo e descendo a avenida, eram momentos festivos dos carnavalescos que eram contagiados pela alegria do carnaval, e  pelos bares e lanchonetes via-se um “entra e sai” do povo simples e alegre de uma Cuiabá festiva.

No Bar do Bugre, Beto Lanche e Bar Internacional era onde se reunia a nata da boemia cuiabana, bebia-se a boa bebida e comia o que se dispunha, conversava-se de tudo ao som do carnaval, ali estava marcado o encontro da felicidade, e podíamos ouvir as grandes gargalhadas onde misturava a alegria com o som do carnaval, pois naquele tempo o povo era feliz por pouca coisa. 

O povo vinha dos bairros e se encontravam no “Centro da Cidade”, e cada família cuiabana na sua simplicidade procuravam buscar seu lugar ao longo da Avenida Vargas,  para assistir os desfiles no início da tarde, traziam suas “sumbrinhas” para esconder do sol ou da chuva, e ficavam em pé das 14:00 horas até as 20:00 horas, encostavam nas cordas e colocavam as crianças para sentar no “meio fio”, e logo em seguida apareciam as Máscaras, que dizia assim:

 – “você me conhece”? ou   “ você sabe com quem está falando” ?

E com suas vozes descaracterizadas tentavam enganar os conhecidos, tinham também os homens que vestiam com as roupas das suas mulheres, como forma de fantasias, e para homenagear a todos,  citamos o grupo dos “Portelas”,  que  sempre estavam lá pela Av. Getúlio Vargas festejando o carnaval, o importante era participar do carnaval, cada uma a sua maneira.

Mas o grande momento era os desfiles dos Blocos, e o povo delirava e cada um procurava uma agremiação para apoiar, os que mais destacaram entre os cordões eram  os seguintes: Estrela Dalva, sob o comando de Zé Maria; Sempre Vivinha, comandado pelo Nhozinho; O Clube dos Marinhos, comandado pelo Nelsinho e Estrela do Oriente que era comando por Jaime Camargo.
                
Tudo era simples e carnaval era feito pela força que vinha dos bairros, e cada agremiação tinha na sua composição, abrindo os desfile, a Comissão de Frente, em seguida “Os Índios” com os cocares, rodeados com os espelhinhos redondos que eram fixados no suporte na cabeça, e eram enfeitados de penas de emas, araras e tucanos para dar o colorido, e cada um tinha seu arco e flecha, e o machadinho de pau na cintura, seguiam  fazendo as suas evoluções, imitando as danças das tribos. Em seguida vinha a Rainha que era rodeada pelos Balizas com roupa branca tipo marinheiro e Quepe arredondado na cabeça, com suas danças em forma de malabarismo, tinha por missão proteger sempre a Rainha, que recebia as investidas dos Morcegos, este vinham vestidos com Roupão vermelho e preto, e o rosto pintado de preto e fazia sua evolução para cima da Rainha na tentativa de pegá-la. E em seguida vinham os Marinheiros vestidos de branco e pedalando suas bicicletas estilizadas em forma de  um pequeno navio de papelão pintado de branco, e por fim, vinham as moças e moços fantasiados com o uniforme do Cordão  cantando o Hino próprio.

Era um carnaval simples e festivo, e nas lembranças da minha infância,  ainda lembro o Hino do Cordão Estrela Dalva, que espalhava as vozes dos seus componentes a cantar  na Avenida Getúlio Vargas, : 

“Olhai pro Céu, 
Veja só como é bonita…………..
A Estrela Dalva com o ciúme da lua, 
Começou a chorar, 
A chorar, 
A chorar”. 
              
Saudade do carnaval cuiabano, onde o povo participava de modo ordeiro e festivo, cada um na sua simplicidade vivia a sua fantasia e ninguém preocupava com o “politicamente correto”, o importante era ser feliz pelo menos por um dia.

Wilson Carlos Fuah – Economista, Especialista em  Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas
[email protected]         

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