Há décadas tanto a violência quanto a corrupção não param de crescer no Brasil, muito mais do que o aumento demográfico, do que o PIB e outros indicadores econômicos e sociais. Antes, pelo menos era o que a grande “midia” informava, essas duas mazelas estavam presentes nas grandes cidades, onde estão concentradas grandes massas demográficas e muito mais nas estruturas do governo federal que abocanha a maior parte dos impostos arrecadados no país, que acabam alimentando a corrupção.
Ante a omissão dos poderes constituídos, da morosidade e pouca efetividade das ações dos órgãos de controle, a corrupção ganhou espaço e fortaleceu sua musculatura e o roubo aos cofres públicos passou a ser quase que uma rotina e atingiu organismos federais, estaduais e municipais e todos os poderes.
Muita gente argumenta que ao verem os que ocupam o ápice da pirâmide roubarem abertamete, também os bandidos “comuns” passam a agir com mais desenvoltura. Os roubos, furtos, estupros, sequestros, as famosas saidinhas de bancos e casas lotéricas, os arrastões nas praias, nas ruas, praças, túneis, condomínimos passam a ser cada vez mais frequentes. A população vive com medo e com razão.
Resultado, a população brasileira é roubada triplamente. Primeira pelos bandidos de colarinho branco, muitos buscam um mandato para aparelharem as estruturas de poder e ali colocarem seus comparsas e poderem meter a mão no dinheiro público. Esses ladrões de colarinho branco inventaram um sem número de subterfúgios para estarem a salvo dos braços da lei, como o foro especial, para poderem ser julgados apenas pelas instâncias superiores do poder judiciário, o chamado “foro privilegiado”. Utilizando deste atalho acabam escapando das mãos de juizes de primeira entrância e por estarem acobertados por mandatos eletivos ou cargos como secretários de estado, parlamentares estaduais ou federais, senadores, governadores , ministros e presidentes da República são figuras especiais, quase intocáveis. Acabam sendo protegidos também pela morosidade da justiça e pela impunidade, tráfico de influência e outros privilégios. Outra forma de proteger criminosos no Brasil é o chamado segredo de justiça. Bandido “pé de chinelo” quando é preso imediatamente é algemado, a prisão é registrada com um grande estardalhaço e os ladrões de colarinho branco não podem ser algemados, seus processos tramitam longe dos olhares e conhecimento da sociedade. A Terceira forma da população ser roubada é através de uma pesada carga tributária que jamais é revertida em serviços públicos de qualidade.
Existe apenas um ponto em comum entre essas duas categorias de bandidos: o uso da tornozeleira eletrônica. Os bandidos pé de chinelo por cometerem “crimes de menor poder ofensivo” e, ao mesmo tempo pelo fato das penitenciárias e cadeias públicas estarem super lotadas, acabam gozando deste benefício, podem continuar circulando livremente, desde que usem a famosa tornozeleira eletrônica. Mas isto não impede que essas duas categorias de bandidos continuem cometendo seus crimes, uns assaltando e aterrorizando a população em suas casas, nas ruas e outros locais públicos e os bandidos de colarinho branco roubando os cofres públicos ou tentando obstruir a ação da justiça como fazem senadores, ex ministros, ex governadores, ex deputados e ex presidentes da republica, que circulam com este ornamento eletrônico sem o menor pejo.
Para garantir a realização dos jogos olímpicos foram mobilizados grandes efetivos das forças armadas, da polícia federal, dos organismos de segurança estaduais e municipais no Rio de Janeiro, um aparato nunca visto, com aviões, helicópteros, submarinos, tanques etc. Mas o Brasil não é apenas o Rio de Janeiro e alguns outros aeroportos do país. Enquanto isto, os bandidos do Rio Grande do Norte demonstram sua força e fazem atos que tanto amedrontam a população como demonstram que o governo daquele estado, mesmo com oapoio das forças armadas, não tem condições, como na maioria dos estados, de garantir a segurança para a população.
Durante vários meses em anos recentes o chamado “novo cangaço” aterrorizou diversos municípios de Mato Grosso e também ações semelhantes foram realizadas em diversos outros estados, principalmente no CentroOeste.
Recentemente informações indicam que diversos tipos de crimes apresentaram aumento em Mato Grosso, principalmente no maior aglomerado urbano do Estado Cuiabá e Várzea Grande. No Brasil como um todo, além de mais de 55 mil assassinatos por ano, e milhões de outros crimes, também a violência contra a mulher passou a ser uma situação recorrente, estimando-se que por ano mais de cem mil estupros são cometidos em nosso país.
Quanto aos bandidos de colarinho branco parece que estão ganahando de braçada este jogo de gato e rato. Protegidos por leis brandas, pela morosidade da justiça e pela certeza de que a impunidade age a seu favor, não temem nada, pois sabem que o crime compensa, afinal roubam milhões ou bilhões e se fizerem a delação premiada, como o bom ladrão, terão seus pecados políticos e sociais, por terem roubado os cofres públicos, perdoados ou suas penas reduzidas em muito, praticamente nenhuma penalidade mais severa que poderia desestimular outros bandidos travestidos de autoridades a serem tentados e meter a mão no dinheiro público.
Um dos fatos que a opinião pública não consegue entender é como a operação lava jato sob a batuta do Juiz Sérgio Moro ja realizou diversas prisões e condenações e os polícitos, deputados federais e senadores, que constam da LISTA DO JANOT continuam livres, leves e soltos, rindo da cara do povo. Um caso a pensar!
Ou o Brasil acaba de verdade com a violência e a corrupção ou seremos governados por bandidos, `a semelhança de alguns países africanos, asiáticos ou vizinhos nossos na América Latina e Caribe. A permanecer esta pusilanimidade este cenário não tardará a ser uma triste realidade.
Juacy da Silva – professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia
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