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Lula vai voltar ?

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Tudo indica que o sepultamento da presidente Dilma é só o que falta para ressuscitar a última imagem forte do PT.

Em 1985, a eleição indireta de Tancredo Neves coroou o MDB como grande força política nacional. Nascido no Regime Militar, o MDB – Movimento Democrático Brasileiro foi o contraponto, o antagonista do teatro político nacional contra o protagonismo de 20 anos dos generais-presidentes.

Nomes como Teotônio Vilela, Ulisses Guimarães, Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas foram forjados no embate, na negociação e até na diplomacia com os militares. O MDB tornou-se um experto nesse assunto: conduzir, mesmo que sem protagonizar, os rumos da nação. E virou partido.

Hoje o PMDB concretiza essa experiência de diretor de cena. Para entender isso, vamos recapitular.

A presidência de José Sarney, assumindo a vaga de Tancredo Neves, foi um fiasco. Ficou claro ali o desgaste que é executar o papel principal no teatro político. E, desde então, o PMDB assumiu o papel de coadjuvante e, com os anos, de diretor. E assim montou o novo teatro político nacional, dirigindo a peça na qual sempre pudesse ter (ou controlar) a simpatia dos papéis principais – protagonista e antagonista – e, principalmente, o domínio do texto desses personagens.

Prova disso é que em 1989, mesmo com Ulisses Guimarães como candidato, Collor tinha como coadjuvante, ou vice-presidente, o topetudo peemedebista Itamar Franco. E quem era o antagonista? Lula.

Durante o Governo Itamar, com o protagonista combalido (Collor) por um impeachment e antagonista certo (Lula), era necessário um novo mocinho para que a peça continuasse. Assim, entra no palco o PSDB, reluzente com seu novo herói, o pai do Plano Real, Fernando Henrique Cardoso – sim, aquele que era do PMDB.

Belíssimo em seu papel de presidente e introduzindo uma comunicação de campanha mais moderna, FHC sofisticou seu antagonista. Elevou, no vilão Lula, o refinamento de seu papel. Na direção teatral, de fora do palco, o PMDB mostrava a Lula que “quem conhece o inimigo como a si mesmo” será vencedor. Lula, então, glorifica-se. Tira a carranca, espalha a paz e o amor, e chega ao patamar de “FHC dos caipiras, do povão”; o Itamar de todos nós; o Tancredo que nunca tivemos.

A peça, então, sofre uma grande reviravolta. Lula, o “bandido” da luz vermelha redime-se e vira mocinho. Santifica-se. Vira Midas. Ele é o cara. E sobrevive por 12 anos agora tendo, do outro lado, um antagonista azulado. PT x PSDB. Vermelho x Azul. Boi Garantido x Boi Caprichoso.

Tudo corria bem até a peça degringolar com o Petrolão. O PT, antes santificado, agora é a estrela da manhã caída. O PSDB, enfraquecido, não consegue protagonizar mais no palco. O diretor teatral, para salvar a peça, entra em cena – como fez no impeachment de Collor. O PMDB, mesmo se juntando e dando abertura ao PSDB na presidência interina, sabe que o teatro só se sustenta com dois papéis principais. A alternância só sobrevive nesse jogo de cena dessa forma. Por isso, é preciso que Lula volte. Triunfe novamente. Ganhe força no palco. E assim deverá ser.

Ou seja, desde 1985, não vemos o que está por trás da cortina. Há 31 anos, o poder alimenta-se e alterna-se em apenas dois personagens no palco, mas em apenas um mesmo grupo teatral – PMDB, PT e liberais (PMN/ PSDB). Estamos embretados, propositalmente, nessa visão política dicotomial desde a “abertura democrática”. Sem perceber, o cidadão brasileiro está sendo manobrado a permanecer em apenas duas escolhas que se originam de uma só fonte.

Por essa razão, não se assustem se em 2018 estrear uma nova peça entre Lula e Alckmin. Para que isso ocorra, um ato é necessário: o impeachment completo de Dilma. Feito isso, Lula começará de imediato seu ensaio. Alckmin, suas aulas de expressão verbal.

Então, prepare-se. Em setembro desse ano, nosso herói-bandido, nosso Macunaíma-mor poderá ressurgir com força total.

Frederico Parma é publicitário

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