Eleito em 1995 unânime, o governador Dante de Oliveira tinha posição folgada na Assembléia Legislativa. Errou feio na escolha da Mesa Diretora e pagou caríssimo pelo seu erro.
Ele tinha poder político suficiente, o respeito da sociedade e dos deputados para exercer a sua gestão sem atritos e nem domínio sobre a Assembléia Legislativa.
Seu partido era o pequeno PDT, mas Dante era uma sigla nacional fortíssima resultante das Diretas Já, de 1984, fundamental na retomada do poder civil depois de 21 anos de governos militares.
Porém, resolveu entrar na briga da eleição da Mesa Diretora e apoiou o deputado estadual José Lacerda, irmão do seu vice-governador, o ex-deputado estadual, federal e senador José Marcio de Lacerda. Zezinho era um político equilibrado, vindo da região de Cáceres.
A decisão do governador criou correntes dentro da Assembléia. Mesmo com sua experiência política Dante teimou em apoiar Zezinho e perdeu.
Gilmar Fabris elegeu-se e trouxe a tiracolo pra a Primeira-Secretaria o desconhecido deputado estadual de primeiro Mandato, José Geraldo Riva, vindo da região de Juara, eleito pelo PMN.
Gilmar Fabris não tinha grupo. Eleito na onda da revanche ao governador, dirigiu a Casa com no seu jeito destrambelhado.
Na retaguarda, o ex-contador e ex-prefeito de Juara, José Riva, conduzia a administração ao seu modo e montava um projeto de poder que durou exatos 20 anos.
Na eleição seguinte da Mesa Diretora Riva tornou-se presidente e daí por diante revezou em todas as eleições na presidência ou na Primeira-Secretaria.
Extremamente habilidoso e focado, Riva tornou-se parceiro inevitável de todos os governos seguintes e estabeleceu na Assembléia Legislativa um competente governo paralelo.
Possivelmente, Riva não tivesse alcançado tanta expressão se não fosse o secretário-geral de Gilmar Fabris. Não teria construído um poder tão forte. A lição que se tira daí foi a de que Dante de Oliveira errou ao “peitar” os deputados.
Mas a lição não morre. O governador Pedro Taques tem candidatura do Palácio Paiaguás à mesma Mesa Diretora para o mandato 2017/2018.
O deputado Riva não está mais lá, mas os espaços são sempre preenchidos em cada circunstância.
Pergunta: o custo-benefício valerá o risco?
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.