Nos últimos dias o PT e partidos aliados como PDT, PCdoB e PSOL, bem como os movimentos sociais e sindicais que orbitam em sua orla, como o MST, CUT, os Sem Teto e outros mais, estão fazendo uma verdadeira luta política e psicológica para influenciar a votação do Impeachment de Dilma, primeiro na Comissão Especial e depois, quando chegar a hora, no Plenário do Senado.
Apenas para recordar, para a admissibilidade do pedido do impeachment e iniciar a tramitação do processo de verdade, o quorum exigido era a votação favorável de 41 senadores, ou seja, metade mais um dos senadores que compõem o Senado Federal e o resultado foi acachapante, votaram a favor 55 senadores, alguns que sempre e até as vésperas frequentavam a cozinha do Palácio da Alvorada e eram frequentemente vistos no Palácio do Planalto e nas fotos de inauguração ao lado de Dilma e Lula e agora viraram ministros ou conselheiros de Michel Temer.
Esses Senadores foram os traidores a quem Dilma e Lula e a turma do PT se referem, contra os quais pesam a mágua e a revolta da Presidente afastada,com certa razão, convenhamos. Afinal esses Senadores e Deputados Federais ajudaram a eleger e reeleger Lula e Dilma e em troca sempre receberam cargos, liberação de emendas e outras mutretas como indicar apadrinhados para cargos importantes, como ministros, diretores de Estatais, inclusive na Petrobrás, onde formaram verdadeiras quadrilhas que a Operação Lava Jato tem demonstrado de forma clara.
Pois bem, para que o impeachment de Dilma seja aprovado e ela seja afastada definitivamente do cargo de Presidente e tenha seus direitos políticos cassados por oito anos, se depois de afastada não acabar nas garras do Juiz Sérgio Moro ou até mesmo na prisão, são necessários 54 votos quando o Impeachment for votado no Plenário do Senado.
Ora, se na primeira votação 55 senadores votaram contra Dilma, basta que suas hostes consigam que dois sendores que votaram pela admissibilidade do processo de Impeachment mudem de lado, o que não é algo tão impossível na vida política brasileira, onde senadores e deputados trocam de lado como as pesos trocam de camisa, daí a expressão “vira casaca”. Basta que dois senadores sejam presos, fiquem doentes ou simplesmente digam que se arrependeram e erraram na primeira votação.
É importante também lembrar que o Procurador Geral da República pediu ao STF a prisão dos Senadores Renan Calheiros e Romero Jucá, além de Eduardo Cunha, presidente afastado da Câmara Federal e do Ex Presidente do PDS, do PMDB e ex Presidente da República José Sarney, todos do PMDB, partido de Temer.
Neste caso o placar da votaçaõ poderia ser de 53 ou 51 senadores favoráveis ao impeachment, quando para afastar defintivamente a Presidente são necessários 54votos a favor. Pelo andar da carruagem nos últimos dias este cenário não pode ser totalmente descartado.
Se antes da votação final do processo de Impeachment o STF aceitar este pedido de prisão, serão dois votos a menos pelo impeachment e Dilma volta a sentar na Cadeira de Presidente, causando uma verdadeira revolução no país, quando os conflitos tanto políticos quanto de rua podem atingir níveis nunca vistos nas últimas décadas. Além disso o caos econômico e administrativo, fiscal e finaceiro jogará o Brasil em situação vivida pela Venezuela nas últimas duas décadas.
Até que este nó do Impeachment seja desatado, Temer é apenas um presidente interino e tudo o que fizer poderá ser desfeito, com sérias consequências, se Dilma voltar a ser presidente de direito, pois de fato quem será presidente, se não for preso, será Lula, que também deseja encurttar o mandato de Dilma, para ficar em seu lugar, através da antecipação das eleições para este ano.
Pesquisas de opinião pública, apesar dos fatos trazidos a público pela operação lava jato envolvendo Lula, ele ainda é o nome mais lembrado e mais querido pelos eleitores, principalmente de baixa renda. Se as eleições para presidente fossem hoje, como essas pesquisas indicam, Lula seria vitorioso, pois os demais postulantes não tem carisma e nem força política e eleitoral suficientes para derrota-lo.
Resumo da ópera: o futuro imediato de nosso país parece muito tumultuado e a crise pode piorar e muito!
Juacy da Silva – professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia
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