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Desenvolvimento: em busca de novos paradígmas

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Ao  longo de décadas  e séculos, sem que tenha havido uma intenção deliberada, muito mais fruto do acaso, das ações  e omissões, alguns  acertos e muitos erros, por parte de nossos governantes em todos os níveis de poder e também pelo instinto de empresários, negociantes, do suor dos  trabalhadores, inclusive de escravos que  eram tratados de forma desumana, o Brasil foi  se desenvolvendo, aos trancos e barrancos.

Se  nossas elites governantes, tanto no passado quanto no presente   fossem melhor preparadas, agissem  com mais transparência, ética e zelo pela coisa pública, com certeza o nosso desenvolvimento teria sido muito mais dinâmico, menos excludente, harmonioso  e teria, também, reduzido as mazelas que nosso país foi acumulando ao longo de sua história e ainda hoje  afetam milhões de pessoas que jazem `a margem da sociedade.

Mesmo que não  tenha havido planejamento estratégico, um projeto de país e, por extensão  de  macro  regiões, de estados e municípios, graças ao esforço coletivo do povo brasileiro, conseguimos ocupar  um lugarzinho ,quase sem destaque no cenário internacional, muito menor e mais acanhado do que o tamanho de nosso país, de sua dimensão geográfica, de seu peso populacional, de suas riquezas naturais e outras vantagens comparativas que poderiam nos colocar, sem dúvida alguma, entre  as quatro ou cinco maiores potências mundiais neste início de século 21.

Países com muito menor potencial, com território acanhado, dependente de tudo e de todos, com população diminuta, sem  grandes recursos naturais e ainda com obstáculos ou óbices de toda natureza, conflitos, guerras, desastres naturais conseguiram vencer todos esses desafios e hoje são olhados com certa  inveja e,   ao mesmo tempo admiração, por nós brasileiros e por outros povos. Basta citar os casos da Alemanha, do Japão, de Taiwan, da Coréia do Sul, dos países nórdicos e outros mais.

Nesses países, seus governantes  em um determinado momento da  história tiveram  a capacidade de visualizar um futuro melhor para sua  gente e resolveram  definir uma única e grande prioridade , por décadas.  Esta prioridade foi a educação,  a inovação, o despertar da criatividade e como resultado o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Enquanto isso o Brasil se manteve um país  exportador de matérias primas, produtos in natura  e só, muito tardiamente, desenvolveu uma incipiente indústria, que atualmente  está em crise permanente. Hoje o Brasil está  se desindustrializando e exportando apenas “commodities” com baixo valor agregado. Somos o quarto maior Mercado usuário de tecnologias  importadas.
Há quase  um século  naqueles países o analfabetismo desapareceu, a educação de qualidade , de tempo  integral, universal e gratuita, inicialmente  até o ensino fundamental e, depois nos demais niveis, chegando até a universidade permitiu que os resultados desta revolução na educação  também  atingissem outros setores como a qualidade da mão de obra, a integração social, a melhoria dos níveis salariais, a melhoria da qualidade de vida e a  redução das disparidades e desníveis regionais, setoriais, sociais, econômicos, principalmente de renda.

Enquanto isso o nosso Brasil continua patinando com elevados índices de analfabetismo,  baixa qualidade do ensino que gera o analfabetismo  funcional, evasão  escolar nas primeiras séries, repetência, docentes  mal  preparados e mal pagos, enfim, uma educação que faz vergonha a qualquer pessoa que sonhe com um país decente, desenvolvido , com melhor distribuição  de renda e melhores oportunidades para todos.

Os resultados do ENEM  nos últimos anos dão  uma demonstração  desta catástrofe e vergonha que tem sido o ensino médio, principalmente nas escolas públicas  e  a  crise  nas universidades e institutos federais de educação , dos hospitais universitários  também  atestam  esta lástima.  Apesar desta  situação  vexatória, o slogan  do atual governo  é “Brasil, pátria educadora”.
Como pode um país ser  uma pátria educadora quando nossos governantes demonstram   uma incapacidade permanente,  corrupção que envergonha a sociedade brasileira perante os olhos do mundo,  degradação ambiental apoiada,  estimulada e financiada pelos poderes públicos?  Índices de violência que a todos amedrotam,  a péssima qualidade de todos os serviços públicos  e o  caos permanente que ronda nossas instituições?

É fundamental, mais do que urgente  que o Brasil encontre novos paradigmas para nortear seu  desenvolvimento, caso  isso não aconteca, se ficarmos nas mãos de uma elite do poder como a que nos governa atualmente, dentro de poucas décadas  teremos perdido o bonde da história e faremos companhia para países que estão em crise e conflitos internos permanentes.

Juacy da Silva, professor universitário,  titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia.
[email protected] 
www.professorjuacy.blogspot.com
Twitter@profjuacy

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