O PT promoveu um ato na Câmara dos Deputados, segundo eles, para proteger a Petrobras. A versão contada pelos petistas é que a Petrobras está ameaçada pelos entreguistas. Das duas, uma: o PT sofre de incoerência aguda ou o ato foi contra eles mesmos. Outra explicação razoável para o tal evento é que o PT acha que a sociedade brasileira ainda acredita no que eles falam. Estão redondamente enganados.
O partido de Lula e de Dilma passou esses últimos 13 anos querendo dividir o país entre eles e o resto. Tentaram transformar a democracia, que pressupõe a convivência entre opostos, numa luta entre o bem e o mal. Eles eram os bons, os mais bem intencionados, os revolucionários na arte de fazer política, os donos da ética e os únicos capazes de fazer o que ‘nunca antes na história deste país’ havia sido feito.
O resto era, na concepção deles, o grupo dos elitistas, que se incomodavam em dividir os aviões com a classe média que eles diziam ter criado, representados na política por aqueles que entregaram o país ao FMI, as empresas públicas, entre elas a Petrobras, ao capital estrangeiro, privatizaram as rodovias. A parte da sociedade classificada pelo PT como o resto é, na verdade, aquela que não concorda com eles.
Os governos Lula passaram, o primeiro mandato de Dilma acabou e hoje temos no comando deste país uma presidente da República que, sete meses depois de ter iniciado seu segundo mandato, é aprovada por apenas 9% dos brasileiros, não tem credibilidade junto aos investidores e mal sai às ruas com medo de ser vaiada. Com três anos e meio pela frente, Dilma perdeu as condições de governar.
O país amarga hoje uma crise que, dizem os especialistas, ainda está em seu início. E enquanto o mundo se recupera e cresce, o Brasil definha. Vamos chegar ao final do ano com inflação acima de 9%, a economia encolhendo 1,5% e com o desemprego vitimando mais de 1,5 milhão de brasileiros. O Brasil está mais pobre e mais desigual e a única ação do governo é aumentar impostos e reduzir direitos dos trabalhadores.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, faz o seu périplo na Câmara e no Senado para defender o ajuste fiscal que, na realidade, é um arrocho cruel e covarde contra a sociedade. Hoje mesmo o Líder do Governo declarou que, no segundo semestre, a luta deles será o de criar um novo imposto para financiar a Saúde. E reduzir os 39 ministérios e mais de 24 mil cargos comissionados? Nenhuma uma palavra sobre isso.
Além da incompetência do PT em governar o país, os brasileiros pagam o preço de dois desvios de caráter do partido de Lula e de Dilma: de mentir e o de conviver com a corrupção. A presidente Dilma se reelegeu mentindo. Faz no governo o contrário do que prometeu na campanha, traindo os brasileiros, entre eles, muitos petistas.
E ética nunca foi o forte do PT. Já no primeiro ano do governo Dilma, meia dúzia de ministros caíram envolvidos em denúncias de corrupção e irregularidades. Foram os governos do PT que criaram o Mensalão e agora, o Petrolão, que corrói a mais importante estatal brasileira. Os bilhões que foram pelo ralo da corrupção estão fazendo falta nas escolas, hospitais e postos de saúde.
O fato é que a máscara do PT caiu. O partido que se autoproclamava ético e diferente dos outros, no poder lambuzou-se de lama. E a estratégia de tentar empurrar os problemas com a barriga, de governar no gogó e de ganhar eleição com propaganda pode até ter funcionado um tempo, mas se esgotou. O PT, Lula e Dilma estão nus.
É por isso que atos como os que fizeram em defesa da Petrobras não têm mais a mínima repercussão. São vazios de conteúdo. Afinal, quem roubou a Petrobras? Quem quase afundou uma das maiores empresas de petróleo do mundo? Quem é que, agora, quer privatizar 80% dos seus gasodutos e parte da BR Distribuidora? É o PT, o mesmo que acusa os outros de serem entreguistas e que pilhou a estatal.
Não por acaso, ninguém se arrisca dizer como e quando o governo Dilma irá acabar. E com ele, o lulopetismo. Deve ser duro para eles aceitarem que seus defeitos e pecados foram todos descobertos. Também deve ser doloroso perceberem que, o que para eles era o resto, hoje é a maioria.
Nilson leitão – deputado federal, líder interino do PSDB na Câmara dos Deputados