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Dilma mais atolada

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Fruto de seus próprios erros,  tanto durante  seu primeiro mandato, mas principalmente  pela forma como conduziu a  campanha pela reeleição, onde através  da falsificação da realidade econômica, política e social tentava demonstrar  ao povo que o Brasil estava ótimo e ficaria melhor,  caso ela  fosse a vitoriosa ao invés de seus oponentes,  a Presidente Dilma pecou ao substimar a  capacidade do povo  em  rebelar-se diante de crises  e  as  reações  das massas, que um dia acabariam  se confrontando  com   uma  realidade bem mais perversa do que a Presidente teimava em vender durante o horário  eleitoral  e em seus discursos nos palanques.

Bem mais cedo do que todo mundo imaginava o  gigante  acordou e começa  a dar sinais de que não pretende continuar mais em “berço esplêndido”, mas que está disposto a provocar e promover  mudanças que acabem com a corrupção,  com o cinismo oficial ante a calamidade em que está o país, ao sucateamento dos serviços públicos.  O povo deseja mais do que promessas, demagogia, enrolação e o aparelhamento da máquina pública a  serviço de um partido ou grupo de partidos que usam o dinheiro público para beneficiar uma minoria enquistada  nas  estruturas do poder assaltando os cofres públicos, enquanto a  carga  tributária aumenta de forma desenfreada, juntamente com expectativas  mais difíceis para um futuro próximo que se avizinha com muita rapidez.
Entre  20 de outubro de 2014 e  17  de março  deste ano  (2015) , um interval muito curto de apenas  cinco meses, as  expectativa de que a economia, que já  era ruim, vai piorar  passou de 20%  para 60%. Qundo o assunto é inflação, atualmente 77% da população espera que a mesma  aumente muito em  comparação com apenas 31%  em outubro passado.  Também o medo do desemprego  está presente na cabeça  e nas preocupações de 69% da população quando em outubro apenas 26% tinham  esta sensação.  Pior do que isto, 60%  dos brasileiros  sentem  a perda do poder aquisitivo do salário  enquanto em outubro  este contingente  era de apenas 21%.  Afora isto, em torno de 73%  das  famílias  estão  muito endividadas e não  estão conseguindo pagar suas contas, que aumentam assustadoramente  graças “as  taxas de juros impostas pelo goveerno e ao mesmo tempo ter  dinheiro para pagar outras despesas, principalmente  decorrentes do aumento dos preços dos  alimentos, transportes, energia, aluguel, remédio e outros mais.
Esta deterioração do quadro econômico  e a sensação de que tudo está piorando  ao lado da corrupção   da falta de transparência, do aumento da violência,  da impunidade e a incompetência do governo em dar respostas  efetivas e rápidas para vencer tais desafios, está   empurrando a população para as ruas , praças  e rodovias  do Brasil.  Nesses  últimos tres  meses  as manifestações  populares têm se intensificado  como a dos caminhoneiros,  greves em vários estados e em vários setores, culminando com a maior manifestação de massa do último domingo, quando mais de 2,0  milhões de pessoas, em todas as capitais  e em mais de 160  cidades, em todas as regiões soltaram suas vozes exigindo o fim da corrupção, pelo impeachment da Presidente. Os slogans  mais comuns foram  “Basta”, For a Dilma, For a PT, For a corruptos.
Enquanto o povo protesta nas ruas, a operação  lava-jato  e a CPI  da Petrobrás trazem a tona mais detalhes da roubalheira na maior estatal e aos poucos vão ficando  mais claros  os  meandros do dinheiro sujo , roubado  da Estatal,  indo parar nas campanhas do PT, de Dilma e de outros partidos  aliados, tanto é que vários operadores desta quadrilha  estão presos e outros, inclusive o tesoureiro do PT, estão sendo denunciados pelo MPF.

A pá  de cal  acaba de vir a público com a pesquisa do DATA  FOLHA  desta semana, onde Dilma despenca em seus índices de popularidade, de ótimo e bom ,que em outubro de 2014  eram de 42%  e agora chegaram a apenas 13%, o mais baixo  patamar desde o governo Collor.  Enquanto isso, a avaliação negativa (ruim/péssimo)  passou de 20% para 62%  no mesmo período.

Esta rejeição tanto pessoal quanto do governo Dilma está  presente em todas as regiões, chegando a 75%  no Centro-Oeste  e até  mesmo no Nordeste, o grande curral do PT, onde 55% avaliam  negativamente a Presidente e seu Governo e apenas 16% a consideram ótimo/bom. O mesmo acontece em todas as faixas  etárias, níveis de instrução ,faixas de renda e sexo.

Diferente do que diz  o governo, as vozes das ruas  e a insatisfação  não são apenas manifestações  das elites, dos  eleitores de oposição, mas  sim, também dos pobres, desempregados, negros, pardos, mulatos, homens, mulheres, jovens, adultos e idosos.
Para complicar mais a situação de Dilma  a Câmara Federal exigiu que ela demitasse  o Ministro da Educação pelo fato de o mesmo ter dito há algumas semanas que no Legislativo  existiria 300  a 400  deputados achadores, os quais fazem parte da base do Governo. Após uma sessão muito tumultuada com insultos e até palavras de baixo  calão, a  bancada do PMDB ameaçou a Presidente, ou ela demitiria, como acabou fazendo,  o ministro ou o partido deixaria a base de apoio.
De forma humilhante Dilma  acabou obedecendo aos ditames do PMDB, principalmente do Presidente da Câmara, Eduardo Cunha e demitiu o Ministro, demonstrando que  a partir de agora  estará mais de joelhos ainda perante o Congresso. Há quem aposte que Dilma não vai  concluir  seu segundo mandato.

A  cada dia que passa Dilma  e seu governo perdem mais sua legitimidade conquistada nas urnas. Em alguns países o povo que elege também  tem o direito de “deseleger”, ou seja,   dar  cartão  vermelho para governantes que são incompetentes   e em cujos governos a corrupção passa  a ser endêmica.

Parece que o Governo Dilma e seus aliados não conseguem ouvir e nem entender direito as vozes e os gritos das ruas. Se assim continuar  vai continuar  afundando cada vez mais!

Juacy da Silva, professor  universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia
[email protected] Blog  www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
 

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