No Pantanal, um dos animais muito temidos é a onça que, para saciar seu apetite não titubeia em atacar e dilacerar suas presas. Todavia, quando acuada por cães treinados em sua caça, acaba fugindo e nesta fuga sobe em árvores enquanto a matilha fica em volta da árvore, até que os caçadores chegam e abatem a onça.
Também na política podemos observar comportamento similar, onde alguns políticos mesmo aparentando determinação, intransigência, personalidade forte e caráter rígido ou o que pode ser popularmente definido como “casca grossa”, mais dia menos dia acabam também acuados e podem ser vítimas de sua própria arrogância.
Na história política brasileira temos alguns casos que bem ilustram esta realiade. Primeiro foi Getúlio Vargas, o ditador autoritário do Estado Novo, quando escolhido democraticamente em eleições, acabou envolto em meio a escândalos de corrupção, que nem de longe podem ser comparados ao MENSALÃO ou PETROLÃO, sendo acuado pela oposição, pela mídia, e pelos militares, acabou se suicidando.
Outro Presidente que em poucos meses do início de seu mandato popular foi acuado e acabou renunciando foi Janio Quadros o homem da vassoura que deveria varrer a corrupção que já então dominava a política brasileira; isto há mais de 60 anos. A mesma sorte teve seu vice, João Goulart, que quase foi impedido de tomar posse e durante quase três anos passou por um sufoco tremendo com greves, manifestações populares, acusações de corrupção e conspirações miliatares e acbou sendo deposto por uma intervenção militar, que durou 21 anos.
Mais recente, já no período chamado de democrático, outro Presidente com características messiânicas e personallidade autoritária, que também foi acuado por manifestações populares e pressão do Congresso, da mídia e acabou sendo apeado do poder foi Collor de Mello. Todos esses casos, tem alguns aspectos em comum. Com excessãao de João Goulat, considerado um comtemporizador, que não conseguia impor-se nem como comandante –em chefe das Forças Armadas e nem como líder politico, todos enfrentaram crises econômicas, descontrole das contas públicas, muita corrupção e eram cercados por pessoas oportunistas e que não tinham respeito em relação `a coisa pública e contribuiam para o aparelhamento do Estado.
Este cenário parece estar se repetindo com a Presidente Dilma, recentemente reeleita para um segundo mandato. Em pouco mais de um mes sua avaliaçãp por parte da opinião pública é a pior que um presidente já teve em início de mandato, pior do que todos os seus antecessores, conforme dados do Data Folha do último final de semana. Apenas 23% da população avaliam seu governo como bom e ótimo e 44% como ruim e péssimo.
Dilma aos poucos está perdendo a legitimidade conquistada nas últimas eleições, em boa parte devido ao fato de, conforme a pesquisa mencionada, ter mentido em sua campanha. Ao tomar posse e iniciar um segundo mandato está fazendo exatamente o oposto do que pregagava. Faz exatamente o que imputava aos seus adversários, caso os mesmos fossem os vencedores. Este é de seus maiores pecados, dizer uma coisa e fazer outra. O povo não suporta governante que mente, isto é imperdovel em política.
Dilma está sendo acuada por uma inflação que está acelerada; as taxas de juros são as maiores em mais de 12 anos; o deficit na balança comercial nos dois últimos anos foi de 21,5 US Bilhões de reais; a dívida pública federal no final de 2015 deverá chegar a 2,6 trilhões de dólares, um crescimento descomunal comparada com o valor da mesma quando Lula assumiu o poder era de 686 bilhões e nesses doze anos de Governo do PT foram gastos mais de 1,9 trilhões com juros, encargos e rolagem da dívida, além da mesma consumir entre 45% e 49% do Orçamento Geraal da União todos os anos.
O pacote de maldade de Dilma, neste início de novo governo, que de novo tem apenas o slogam “Brasil: Pátria Educadora”, inclui ainda a previsão de crescimento zero do PIB ou mesmo recessão, aumento de juros, aumento das tarifas públicas, aumento dos combustíveis, da energia, dos traqnsportes, aumento da cara tributária, uma tremenda desvalorização cambial que terá impacto profundo nas importações e na dívida externa e outras maldades mais.
Para complicar mais, Dilma ainda está sendo acuado pela corrupção na PETROBRÁS, que não para de sangrar, denúncia de envolvimento do PT com caixa dois e dinheiro sujo da corrupçãp para financiar suas duas campanhas, perda da eleição para Presidência da Camara Federal, aumento do poder de fogo da oposição tanto na Câmara quanto no Senado, ação destemida do poder judiciário e da mída em trazer a público as falcatruas ligadas ao Governo Federal e, finalmente, o início da mobilização das massas contra este estado de coisas, onde a figura do impeachment começa a ganhar corpo, ante a perspectiva de perda do poder de compra dos salários e o aumento assustador da inadimplência, onde mais de 54,6 milhões de pessoas, boa parte da incipiente “nova classe média” tão aclamada pelo Governo e pelos PETISTAS e seus aliados, não conseguem pagar suas contas e aumentam o percentual dos desiludidos com o Governo.
Resta saber até quando Dilma vai continuar acuada e conseguirá “administrar” esta crise de falta de legitimidade. Será que estamos novamente diante de uma situação de crise política, econômica e social, cujo desenlace pode ser o fim de um governo que apenas está recomeçando? Só nos resta observar e aguardar o desenlace!
Juacy da Silva, professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia
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