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Um breve papo com o Tempo

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No crepúsculo de 2014, quero falar um pouquinho com o Tempo que não tem sido lá muito generoso com a gente.

Sei bem, Cronos, que és considerado um deus por muitos, um Titã, filho de Urano e Gaia, mas, amigo, se me permite a intimidade, você (se é amigo, tasco logo um você) não tem ficado muito por aqui e tem nos deixado atônitos com sua brevidade, parece ter pressa pra tudo. E eu te pergunto: o porquê disso? Aonde você quer chegar com tanta correria?

Corremos atrás de você como loucos, dada a sua gigantesca importância, e você não para nem um pouquinho, ao menos pra jogar um golinho de conversa pros santos. Só você parece não saber que é o nosso amigo mais importante, mais importante que a nossa amiga Saúde, pois que, sem você, como desfrutaríamos da maravilhosa companhia dela?

Nessa batida, nem o seu coração de eternas batidas aguenta. E se ele pifa, como ficamos?

Sem você por aqui, pior será, creio. Bem, imagino que sim, já que ao menos a relação Espaço-Tempo ficará um tanto quanto prejudicada, não é mesmo?

Penso que você deve estar aí rindo de nós, porque não estamos conseguindo lidar bem com essa relação, sim, até porque com o Espaço não temos tido muito problema, por enquanto, já que, ao contrário de você, ele, o Espaço, parece estar se expandindo, já você, parece estar se encolhendo.

Pedimos todos que fique com a gente um pouco mais, não nos deixe com a impressão de que você teme algo. Só de pensar o que você poderia fazer quando tiver que parar um pouquinho pra pensar nisso, dá um arrepio.

Agora mesmo, nestes dias ensolarados e quentes, em pleno horário de verão, quando parece que você está olhando um pouco mais pra gente, estava pensando, por que o amigo não nos dá uma chancezinha de nos conceder a honra de uma demorada e democrática visita? Daquelas de deixar saudade, daquelas dos apaixonados, regada com aquele papo que só quando você parece estar parado podemos ter. Sem muita intimidade é claro, meio assim tipo Djavan: – “Noutro plano te devoraria tal Caetano a Leonardo DiCaprio”.

Companheiro, você passa assim apressado, de um jeito que mal conseguimos vê-lo, que dá até a impressão que você está correndo da gente, uma vez que mal chegamos e você sai, assim, meio à francesa, como se estivesse se escondendo, ou o que é pior, escondendo algo de nós.

Você sabe bem das suas responsabilidades, sabe o que tem nos feito, de bom e de ruim, desde nos fazer esquecer e apagar muitas das nossas lembranças ruins, até nos fazer lembrar que delas também precisamos para aprender como lidar melhor com você. E disso é capaz de estarmos ficando craques, de tanto que precisamos tolerá-lo assim, meio já saindo, indo embora.

Mas ainda, otimista que sou, prefiro mesmo pensar que você também tem tido pouco tempo, pois anda, Ops!, anda não, corre preocupado demais com as nossas possibilidades de torná-lo cada vez menos importante e até dispensável.

Viu? Parece que temos uma pista que pode nos levar a entender o porquê de toda a sua pressa, só pode ser ela, a mais bela das damas, a sua namoradinha, ah! A Eternidade… Oh! Eternidade!

Eu sei que você tem se preocupado muito com as nossas traquinagens cientificas para alcançarmos a imortalidade e sei também que você sabe que se isso acontecer, quem é que vai lembrar e precisar de você tanto assim, se a teremos também.

Minha torcida é para que saibamos bem lidar com ela, como você tem feito nesse tempo todo, já que ao lado dela deveremos construir uma vida nova, onde vamos precisar de muito mais amor, dadas as enormes possibilidades que uma vida ao lado dela nos proporcionará. Haja amor!

Precisaremos mesmo de muito mais paz, harmonia e comportamento sustentável nesta nossa linda casa que é Gaia, a tua mãe, que será uma Deusa inda mais importante do que já é, porquanto é dela que nos lançaremos para todos os demais paraísos que com certeza conquistaremos.

Mas, cara, se eu pudesse te dar um conselho, eu diria: – Relaxe! Pois, mesmo que também a tenhamos, para muito além de toda a generosidade que dela se pode esperar, ela, a Eternidade, é muito mais sua do que nossa, desde o início.

Agora, se eu pudesse fazer apenas um pedido a você, pediria que tivesse um pouco mais de paciência com a gente, a começar por nos colocar no ano novo bem devagarzinho, com todo cuidado, de forma que possamos ter um pouco mais de tempo de reflexão para chegarmos à conclusão de que o ideal mesmo seria darmos o melhor de cada um em 2015, ao invés de querermos um melhor 2015 para cada um.

Tenha você também, Tempo, um feliz e demorado Ano Novo!

Adamastor Martins de Oliveira – engenheiro e advogado em Cuiabá
[email protected]

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