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Pizzaria ou fábrica de marmelada ?

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A revista Veja,  diversos  jornais de grande circulação nacional e noticiário de TV  neste último final de semana  estamparam  , com  profusão de detalhes, matérias que a opinião pública e o povo brasileiro já sabia de maneira informal o que estava acontecendo.

Desde que vieram a público as notícias sobre a maior negociata dos últimos  tempos, envolvendo a PETROBRÁS,  sobre a compra de uma refinaria nos EUA,  durante o Governo Lula, quando era Ministra da Casa Civil e , nesta qualidade, Presidente do Conselho de Administração da Estatal, a atual Presidente da República,  as cúpulas do Governo Dilma, do PT, PMDB e demais partidos aliados no Congresso, tudo  fizeram para impedir que a oposição conseguisse  aprovar uma CPI no Senado  ou uma CPMI no Congresso Nacional.

Pressionados pela opinião pública , pelos meios de comunicação e por diversas  organizações de combate a corrupçao , representativas da sociedade civil organizada, tanto o Senado quanto a Câmara e o Congresso acabaram aprovando a criação de duas Comissões de Investigação, apesar dos esforços do Governo e de suas lideranças no Congresso para boicotar o exercício constitucional que o Parlamento tem para investigar mal feitos, incúria e corrupção que existe  ou venha a existir em qualquer nível ou estrutura da administração pública. Afinal dinheiro público, incluindo o que o tesouro nacional injeta nas estatais e bancos públicos, é fruto de uma enorme carga tributária que recai  sobre o lombo do povo.
Como o Governo Dilma e seus aliados no Congrresso não conseguiram barrar a constituição das CPIs , utilizando de um exercício parlamentar, onde a maioria manda e desmanda, “aceitaram” a criação e instalação das  CPIs, mas abocanharam os cargos mais importantes: a Presidência e relatoria(s) das referidas comissões, indicando para compo-las e dirigi-las parlamentares “fiéis”  ao Governo Dilma,  que em linguagem popular atende pelo nome de “paus mandados” ou  o exercício de subserviência.

Ao longo das últimas seis décadas, pelo menos, o povo brasileiro supostamente elege representantes para o Congresso Nacional (senadores e deputados federais)  não para  serem despachantes de luxo,  “lobistas” de interesses excusos,  políticos subservientes  as ordens do Poder Executivo ,  mas sim  representantes  que realmente  defendam  os interesses públicos e dos Estados e fiscalizem todos os poderes da República, além de legislarem, é claro!

Não  foi isto o que se viu no desenrolar dos trabalhos das CPIs, que todos sabiam, iriam se transformar  , como a quase totalidade das CPIs,  em uma grande pizza, acobertando as ações que até  o TCU e a atual presidente da PETROBRAS consideraram como lesivas aos interesses da Estatal e do país. De forma um tanto estranha o TCU acabou “inocentando” a Presidente Dilma, na qualidade presidente do Conselho, quando todos sabemos que a última palavra nas Estatais cabe ao seu conselho de administração, a menos  que tal conselho seja  figura decorative e seus integrantes ali estão apenas  para engordar seus rendimentos mensais.

Jamais  na história política brasileira o Congresso  Nacional foi tão vilipendiado como neste caso, onde  alguns de seus integrantes e também representates do Poder Executivo se juntaram para  fraudar um innstrumento democrático e importante que são as CPIs. Ao fazer jogo combinado, elaborando as perguntas que os integrantes das  CPIs  deveriam responder, possibilitando que os mesmos pudessem preparar com antecedências suas respostas, o Congresso Nacional acabou se envolvendo em uma grande fraude  e um desrespeito a si próprio, a democracia e as instituições nacionais, contribuindo mais ainda para que a chamada classe política e as  instituições políticas sejam avaliadas de forma  extremamente negativa pela população em todas as pesquisas de opinião.

Estamos em pleno período eleitoral, quando o povo  brasileiro irá  escolher   os seus  representantes para os cargos executivos  e os legislativos estaduais, um terco do Senado e a renovação total da Câmara Federal. Oxalá,  em todas essas instâancias,  principalmente no Congresso Nacional possamos ter  pessoas dígnas, preparadas e que exerçam seus mandatos com altivez, competência e compromisso com a ética no exercício de suas ações. Se tudo continuar como está, em Brasilia  estaremos construindo uma enorme pizzeria  ou fábrica de marmelada.
Será que é  esta a democracia e República que queremos? Cabe ao povo a resposta em Outubro vindouro!

Juacy da Silva, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia
[email protected]

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