Quando ainda era ministra da Casa Civil, durante o Governo de seu criador politico, o então Presidente Lula, Dilma era considerada durona, estopim curto, pouco dada ao diálogo, apesar da tentativa do PT e do Governo cunhar a imagem da atual presidente como a “mãe do PAC”, por ser uma espécie de gerentona da principal política e estratégia de governo.
Se for considerado o fato de que Dilma até então jamais ter sido candidata a cargos eletivos e neófita na arte da política, das negociações e acordos que regem esta complicada área , conseguiu impor uma derrota contundente ao PSDB em vários Estados, principalmente no Nordeste, sagrando-se vencedora inconteste.
Após sua posse havia algumas pessoas que imaginavam que a sua inexperiência e seu estilo muito diferente de seu antecessor e criador, seriam fatores que dificultariam tanto sua gestão, no aspecto da formação do governo, quando a norma é o loteamento de ministérios e estatais entre os partidos e caciques que fariam parte de sua base parlamentar e também no aspecto das relações com o Congresso, onde além dos partidos também atuam as diversas “bancadas”, que representam e defendem interesses supra-partidários, como do agronegócio, das escolas e hospitais privados, das mulheres, dos banqueiros, dos trabalhadores, dos evangélicos e de outras minorias.
Quem apostava nesta hipótese sonhava com a volta de Lula, ja nas eleições presidenciais de 2014 e tal perspectiva voltou a ser considerada por ocasião das grandes manifestações de junho e julho do ano passado, quando a avaliação do desempenho da Presidente caiu de forma vertiginosa para pouco mais de 30% ante mais de 75% nos meses anteriores.
Todos os meios de comunicação de massa e analistas políticos eram unâmimes em dizer que se as eleições fossem realizadas naquela época Dilma seria derrotada e o projeto de hegemonia do PT e seus aliados iria ruir e cair por terra como um castelo de cartas.
Nesses quase tres anos e meio Dilma passou por algumas provas de fogo como as manifestações populares já referidas, uma série de acusações de corrupção que levaram a demissão de vários de seus ministros e integrantes do segundo escalão governamenal, dificuldades na condução da política macro-econômica, inflação elevada para os padrões mundiais e latino-americanos; caos na saúde, baixa qualidade da educação, escalada da violência, queda no desempenho do comércio exterior, incompetência na gestão de grandes obras a cargo do governo federal que acabam sendo motivos de alguns puxões de orelha por parte do TCU – Tribunal de Contas da União, para mencionar apenas alguns aspectos.
Não bastassem tais problemas de gestão política, a medida que a definição do calendário eleitoral se aproxima, alguns aliados acabam “pulando” fora do barco situacionista e ensaiam “voo solo”, como ocorreu com o Governador de Pernambuco, Eduardo Campos e seu partido PSB, que acabou também se fragmentando e dando lugar a outra sigla partidária.
Todavia, Dilma nesta reta final da definição das candidaturas ao pleito deste ano está em apuros com três outros problemas. Primeiro, a voracidade do PT por cargos federais e espaços políticos nos Estados, em confronto direto com o PMDB, gerando uma crise que pode tomar grandes proporções em breve; segundo, o descontentamento de uma grande parte dos parlamentares pelo tratamento desigual que estão recebendo por parte do Planalto, que acabou gerando a formação do BLOCÃO, que já começou a impor derrotas ao Govero na Câmara Federal; e, terceiro, um possível rompimento da aliança PT x PMDB, liberando o partido nos Estados a apoiarem outros candidatos a presidente.
A Medida que o tempo passa, dependendo das habilidades ou falta de diálogo por parte da Presidente, a mesma poderá quebrar a escrita e não ser reeleita e abrir caminho para algumas mudanças na política nacional pelos próximos anos, colocando novamente o PT na oposição, acabando com o aparelhamento do Estado por parte do mesmo.
Juacy da Silval , professor universitário, titular e aposentado UFMT, Mestre em sociologia
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