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A “democracia” dos caciques

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Conforme é bem sabido, existem duas lideranças  máximas nas tribos e nações indígenas, o Cacique que representa, se é que assim podemos dizer, a autoridade política e o pagé, que representa a autoridade religiosa, ambas as funções, geralmente são hereditárias, passam de pai para filho e as vezes para outros parentes em linhas colaterais. Este seria um sistema primitivo  que acabou sendo substituido por outros arranjos políticos e institucionais, principalmente com o surgimento do “estado moderno”.

O surgimento do sistema politico democrático, onde a população pode , “livremente” , escolher seus governantes é uma invenção  bem mais recente e, `as vezes, acaba sendo substituído por outras formas de relações políticas de cunho autoritário, como nas ditaduras civis, militares ou eclesiásticas, e também onde o poder acaba sendo considerado uma propriedade de um grupo familiar, partido politico, alianças ou blocos de poder.
Em nosso país, é comum nossas autoridades estufarem o peito para dizeram aos quatro cantos do planeta que somos uma das maiores democracias do mundo, que estamos vivendo em um regime e estado democrático de direito e outras balelas mais.

Pouca gente questiona, por exemplo, a obrigatoriedade do  voto, ou seja, na maioria ou na quase totalidade dos países que se julgam democráticos e pluripartidários, o voto é facultativo ou livre. De forma semelhante nesses países os partidos políticos são organizados ou surgem fruto de uma definição doutrinária ou ideológica e os partidos guardam coerência entre as alianças nacionais, regionais e  locais e possuem uma representatividade de fato, não meros organismos cartoriais. Nesses países não existe justiça eleitoral e a escolha de cadidatos é feita por um Sistema de eleiçao direta,  aberta onde participam  milhões de filiados, jamais por quatro ou cinco caciques em gabinetes fechados ou nas caladas da noite.

Para diveros analistas internacionais além de ser um balaio de gatos, o nosso Sistema politico e partidário é confuso em termos de alinhaento e, pior ainda, os partidos mais se parecem com organizações que possuem seus donos, os quais podem barganhar, comprar, vender e trocar apoio, geralmente com vistas a divisão do poder, onde cargos e outros favores são as moedas de troca.

Outra característica e desvirtuamento de nosso Sistema politico e partidário é a falta de fidelidade partidária, os integrantes, inclusive eleitos, de um determinado partido quando percebem que estão perdendo seus espaços, sem nenhum   pejo trocam de partido como a maioria da população troca de camisa.
No  Estado de MT, da mesma forma que em todos os demais estados, por exemplo, ja tivemos e ainda temos grandes empresários que migraram do antigo PFL, partido conservador, considerado em termos ideológicos de direita, cujo sucedâneo é o DEM, para o PPS, que nada mais é do que o antigo PCB, chamado de partidão, cujo substrato ideológico é o comunismo, antítese do capitalismo. Ou outros empresários industriais ou de outros setores econômicos que pertencem ao PSB – Partido Socialista Brasileiro.

Uma das maiores incoerências no atual momento politico brasileiro é a chamada base de apoio aos governos do PT – Lula e Dilma, onde partidos conservadores e de direita  estão aliados com trabalhaistas, socialistas, comunistas, trotskistas, maoistas, anaquistas. O que conta não é a coerência política ou ideológica mas sim o que cada partido irá receber do Governo: cargos, verbas e outros esquemas para permanecerem `a sombra do poder. O mensalão surgiu exatamente neste submundo politico.

Tudo isso é feito não como uma demonstração democrática, mas como uma forma de mandonismo, onde os caciques ou donos dos partidos tanto a nível federal quanto estadual ou municipal decidem quem pode ou não pode se candidato e quem deverá apoiar quem. Nessas negociações, que acabam mais se parecendo negociatas, tudo vale, desde os minutos de TV e radio, aos palanques, onde os candidatos podem desfilar e desfiarem suas lorotas e demagogias.
Ao povo, inclusive aos “filiados” que sao os eteernos escudeiros, cabe apenas sufragar nomes que as cúpulas paridárias definem como candidatos, pouco importa se os mesmos têm ficha limpa ou suja, mas se tiverem votos, ai podem ser candidatos.

Alguns dessas figuras importantes na vida dos partidos, por ação transitada em julgado no STF e o envolvimento com o  MENSALÃO, deixaram seus altos postos partidários e na hierarquia política e estão hoje como internos em algumas penitenciárias. Mas isto é apenas uma excessão, tendo em vista que ainda existem  muitos figurões da vida politica  que ainda não prestaram contas a justiça, restando ao povo uma certa esperança de que muitos outros  também poderão sair dos palanques e gabinetes para as celas da papuda ou de outras unidades prisionais.

Um dia, quem sabe, a democracia verdadeira poderá ser  o modelo politico de fato existente em nosso país, porque este modelo que aí esta é uma mera caricatura desfigurada de  democracia,  que é cultuada com certo ufanismo  alienador! Neste contexto pouca coisa muda com as eleições! O Povo não pode ser manipulado e nem enganado!

JUACY DA SILVA,  professor  universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia,  Email [email protected]  Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

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