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Os números da violência

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Tanto os números quanto os custos da violência são estarrecedores no Brasil. Para algumas pessoas estamos vivendo em meio a uma guerra civil não declarada, para outras um genocídio e para especialistas em saúde pública uma verdadeira epidemia, já que para a Organização mundial da saúde sempre que as taxas de óbitos estão acima de dez por cem mil habitantes, o alerta vermelho deve ser acionado.

Em 2010 a Agência especializada da ONU para questões de drogas e crime, o UNODOC, publicou um relatório intitulado "Estudo Global de homicídios ", baseado em dados nacionais de mais de 180 países e territórios referents a 2009 e 2010, par a maioria desses países. Em termos mundiais em 2010 ocorreram 468,2 mil homicídios e uma taxa média 6,8 por cem mil habitantes. De acordo com este estudo em 40% dos países as taxas de homicídios decresceram, caindo para menos de 3.0; enquanto em 17% dos países (onde o Brasil está incluido) as taxas aumentaram e a média estava em 20.0, razão pela qual a ONU tenta convencer esses países a definirem políticas e estratégias para reduzir de forma efetiva a violência em geral e os homicídios em particular.

Quando os dados dos dez países mais populosos do mundo, com população superior a cem milhões cada, pode-se perceber que tanto o número de homicídios quanto as taxas variam de forma clara. Enquanto a China com uma população superior a 1,34 bilhões de habitantes registrou 14.811 homicídios, com uma taxa de 1,1 assassinatos por cem mil habitantes; o Brasil com 193,3 milhões de habitantes (14,4% da população chinesa) registrou 40.752 homicídios e uma taxa de 22,7 assassinatos por cem mil habitantes. A Europa toda com mais de 680 milhões de habitantes registrou apena 25 mil homicídios. Somente esses dados já demonstram o que está acontecendo no Brasil, ante a omissão e incompetência dos governantes e do Estado em prover segurança para a população.

Entre os onze países com mais de cem milhões de habitantes : china com 1,34 bilhões; Índia 1,18 bilhões; EUA 309,0 milhões; Indonésia 237,6 milhões; Brasil 193,3 milhões; Paquistão 173,5 milhões; Nigéria 158,3 milhões; Bangladesh 148,6 milhões; Rússia 141,9 milhões; Japão 128,1 milhões e México 112,3 milhões de habitantes, o Brasil se destaca como o que registrou o maior número de assassinatos (43.909) e a maior taxa 22,7, contrastando com o Japão que registrou apenas 646 homicídios, número menor do que o de várias cidades brasileiras e uma taxa de 0,5 por cem mil habitantes.

Tanto em termos absolutos quanto em relação as taxas de homicídios o Brasil encontra-se em uma situação crítica entre os países da América do Sul (a terceira maior taxa e o primeiro em número de assassinatos). Quando comparamos a situação brasileira com outras regiões e o mundo, percebemos a magnitude deste problema. As taxas de homicídios por cem mil habitantes, conforme os dados do Relatório da ONU para 2010 são as seguintes: Mundo 6,9; Europa3,5; Ásia 3,1; África 17,4; América do Sul 16,4; Américas em geral 15,5; EUA 5.0; Índia 3,4; Vietnan 1,6 e Filipinas 5.4. Brasil 22,7. Esta realidade parece que não chama a atenção dos candidatos e futuros governantes!
Só esses números indicam a gravidade da violência contra a vida em nosso país. Todavia, no rastro da violência contra a vida humana ainda existe, como já mencionado em artigos anteriores, a violência do dia-a-dia como tentativas de homicídios, assaltos, inúmeros seguidos de morte, furtos, sequestros, estupros, lesões corporais, muitas seguidas de morte, violência doméstica onde a mulher, crianças, adolescentes e idosos são as principais vítimas, trabalho escravo, prostituição, inclusive infantil, tráfico humano,de drogas e de armas. Em todos esses aspectos o Brasil também ocupa as primeiras posições nos rankings mundiais.

O que mais preocupa e angustia a população é que, apesar dos discuros, dos "planos" que quase sempre ficam apenas no papel, a violência em todas as suas dimensões, inclusive as mortes em acidentes de trânsito tem aumentado de forma efetiva nas últimas três décadas, mais especificamente a partir de 1980. Parece que, pelo menos em relação `a violência e também em outras áreas o retorno do país ao tão propalado "estado democrático de direito" e o endeusamento do espírito "republicano" para o povo não tem tido muito significado.

De forma semelhante, enquanto os índices de pobreza, de fome e de miséria tem decrescido no mesmo periodo a criminalidade se matém alta e em crescimento acelerado, colocando por terra a idéia de que violência e a criminalidade tem suas origens apenas na pobreza e exclusão social.

Em uma próxima oportunidade vamos tentar analisar os custos da violência, inclusive da violência no trânsito, que no Brasil a cada ano está cada pior e corroi alguns bilhões de reais por ano!

Juacy da Silva – professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia
[email protected]
www.professorjuacy.blogspot.com
Twitter@profjuacy

 

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