sábado, 7/setembro/2024
PUBLICIDADE

Os números da violência

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Tanto os números quanto os custos da violência são estarrecedores no Brasil. Para algumas pessoas estamos vivendo em meio a uma guerra civil não declarada, para outras um genocídio e para especialistas em saúde pública uma verdadeira epidemia, já que para a Organização mundial da saúde sempre que as taxas de óbitos estão acima de dez por cem mil habitantes, o alerta vermelho deve ser acionado.

Em 2010 a Agência especializada da ONU para questões de drogas e crime, o UNODOC, publicou um relatório intitulado "Estudo Global de homicídios ", baseado em dados nacionais de mais de 180 países e territórios referents a 2009 e 2010, par a maioria desses países. Em termos mundiais em 2010 ocorreram 468,2 mil homicídios e uma taxa média 6,8 por cem mil habitantes. De acordo com este estudo em 40% dos países as taxas de homicídios decresceram, caindo para menos de 3.0; enquanto em 17% dos países (onde o Brasil está incluido) as taxas aumentaram e a média estava em 20.0, razão pela qual a ONU tenta convencer esses países a definirem políticas e estratégias para reduzir de forma efetiva a violência em geral e os homicídios em particular.

Quando os dados dos dez países mais populosos do mundo, com população superior a cem milhões cada, pode-se perceber que tanto o número de homicídios quanto as taxas variam de forma clara. Enquanto a China com uma população superior a 1,34 bilhões de habitantes registrou 14.811 homicídios, com uma taxa de 1,1 assassinatos por cem mil habitantes; o Brasil com 193,3 milhões de habitantes (14,4% da população chinesa) registrou 40.752 homicídios e uma taxa de 22,7 assassinatos por cem mil habitantes. A Europa toda com mais de 680 milhões de habitantes registrou apena 25 mil homicídios. Somente esses dados já demonstram o que está acontecendo no Brasil, ante a omissão e incompetência dos governantes e do Estado em prover segurança para a população.

Entre os onze países com mais de cem milhões de habitantes : china com 1,34 bilhões; Índia 1,18 bilhões; EUA 309,0 milhões; Indonésia 237,6 milhões; Brasil 193,3 milhões; Paquistão 173,5 milhões; Nigéria 158,3 milhões; Bangladesh 148,6 milhões; Rússia 141,9 milhões; Japão 128,1 milhões e México 112,3 milhões de habitantes, o Brasil se destaca como o que registrou o maior número de assassinatos (43.909) e a maior taxa 22,7, contrastando com o Japão que registrou apenas 646 homicídios, número menor do que o de várias cidades brasileiras e uma taxa de 0,5 por cem mil habitantes.

Tanto em termos absolutos quanto em relação as taxas de homicídios o Brasil encontra-se em uma situação crítica entre os países da América do Sul (a terceira maior taxa e o primeiro em número de assassinatos). Quando comparamos a situação brasileira com outras regiões e o mundo, percebemos a magnitude deste problema. As taxas de homicídios por cem mil habitantes, conforme os dados do Relatório da ONU para 2010 são as seguintes: Mundo 6,9; Europa3,5; Ásia 3,1; África 17,4; América do Sul 16,4; Américas em geral 15,5; EUA 5.0; Índia 3,4; Vietnan 1,6 e Filipinas 5.4. Brasil 22,7. Esta realidade parece que não chama a atenção dos candidatos e futuros governantes!
Só esses números indicam a gravidade da violência contra a vida em nosso país. Todavia, no rastro da violência contra a vida humana ainda existe, como já mencionado em artigos anteriores, a violência do dia-a-dia como tentativas de homicídios, assaltos, inúmeros seguidos de morte, furtos, sequestros, estupros, lesões corporais, muitas seguidas de morte, violência doméstica onde a mulher, crianças, adolescentes e idosos são as principais vítimas, trabalho escravo, prostituição, inclusive infantil, tráfico humano,de drogas e de armas. Em todos esses aspectos o Brasil também ocupa as primeiras posições nos rankings mundiais.

O que mais preocupa e angustia a população é que, apesar dos discuros, dos "planos" que quase sempre ficam apenas no papel, a violência em todas as suas dimensões, inclusive as mortes em acidentes de trânsito tem aumentado de forma efetiva nas últimas três décadas, mais especificamente a partir de 1980. Parece que, pelo menos em relação `a violência e também em outras áreas o retorno do país ao tão propalado "estado democrático de direito" e o endeusamento do espírito "republicano" para o povo não tem tido muito significado.

De forma semelhante, enquanto os índices de pobreza, de fome e de miséria tem decrescido no mesmo periodo a criminalidade se matém alta e em crescimento acelerado, colocando por terra a idéia de que violência e a criminalidade tem suas origens apenas na pobreza e exclusão social.

Em uma próxima oportunidade vamos tentar analisar os custos da violência, inclusive da violência no trânsito, que no Brasil a cada ano está cada pior e corroi alguns bilhões de reais por ano!

Juacy da Silva – professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia
[email protected]
www.professorjuacy.blogspot.com
Twitter@profjuacy

 

COMPARTILHAR

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias

É possível continuar caminhando

Tudo nesta vida precisa ser muito elaborado, pois é...

Viver no par ou no ímpar

No mundo da realização só tem espaço para aqueles...

Um Alfa de si mesmo!

A mente humana é a fonte de poder mais...

O nosso interior nos faz prisioneiros

Temos duas histórias, a visível e a invisível, uma...