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Chacina de Viágio Geral: 20 anos e nada de justiça !

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Hoje ao caminhar pelo calcadão da praia de Copacabana, nas proximidades de onde o Papa Francisco recentemente rezou missa para mais de três milhões de pessoas, um grupo de pouco mais de cinquenta pessoas estavam fincando cruzes, colocando caixões de defunto e outros arranjos para relembrar aos transeuntes e `a opinião pública brasileira e internacional que nesta data (28 de Agosto) há 20 anos ocorria o massacre de Vigário Geral, quando um grupo de 53 Policiais Militares do Rio de Janeiro, denominado de Cavalos Corredores, adentraram aquela favela por três caminhos diferentes e fuzilaram a sangue frio 21 pessoas, incluindo jovens, adultos e idosos.

São 20 anos de tristeza, dor, decpção, impunidade, descaso e muito injustiça, como também tem acontecido em inúmeras chacinas comandadas por policiais em vários Estados, incluindo a da Candelária que ocorreu poucos dias antes de Vigário Geral; de Acari; do Carandiru,de Unaí, de Carajás e recentemente da Favela da Maré.
Parece que a lentidão da Justiça acaba acobertando o clima e caráter de prepotência como muitas vezes as forças de repressão tem agido em nossa sociedade. O fato mais grave em tudo isso é que estamos “vivendo” em um “Estado democrático de Direito” , como muitos políticos, governantes e “operadores do direito” tanto enchem o peito para proclamarem.

Todavia, apesar da ditadura ter acabado há quase trinta anos os órgãos de repressão, agora do dito Estado democrático de direito, continuam a agir com truculência e em total desrespeito aos direitos fundamentais da pessoas e nada acontece, a não ser promessas de que as providências serão tomadas e os culpados serão punidos, de acordo com a Lei. Belas mentiras e muita balela!

Segundo entrevista do Padre Luiz Antônio, coordenador da Pastoral das Favelas, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, publicada no períodico Brasil de Fato de hoje, todos os anos nesta data a chacina de Vigário Geral tem sido relembrada com tristeza e certa indignação pelo fato de que a violência, a impunidade e a injustiça continuam campeando não apenas nas favelas do Rio, mas pelo Brasil afora, afetando com muito mais rigor a população pobre e excluida. Na opinião do sacerdote não existe justiça para os pobres no Brasil, com o que concordo em gênero, número e grau.
Em minha caminhada ao parar junto ao grupo que estava organizando o ato, aproximei-me de uma senhora negra, trabalhadora, com seus 50 anos a quem me dirigi e indaguei se alguém de sua família estava entre as vítimas. Para minha surpresa ela informou que das 21 pessoas assassindas, oito eram membros de sua família, todas moravam em um mesmo barraco. Foram executados, sem qualquer possibilidade de defesa, sem julgamento, sem dó e nem piedade: pai, mãe, cinco irmãos/as e uma cunhada.

Em seu depoimento, notei o tamanho de sua tristeza e saudades de seus entes queridos. Com certeza que esses 20 anos, envoltos em tamanha impunidade,já que os assassinos jamais foram julgados e condenados, devem causar um tormento para si e para todos os parentes que ainda sonham com a Justiça. Talvez somente a Justiça divina, se que ela realmente existe,poderá expiar esta dor que lhe dilacera a alma!

De forma simples e humilde, Vera Lúcia, mais uma vítima de um sistema politico, administrativa e judicial que caminha a passos de tartaruga, convidou-me para um ato cívico a ser realizado nesta tarde nas dependências do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e logo mais a noite em uma vigília e ofício religioso que deverá ser realizado na outrora favela, hoje, eufemísticamente denominado de ‘comunidade”, do Vigário Geral, onde, segundo o Padre Luiz Antônio, a situação econômica, social e ubana está muito pior do que há vinte anos. Este é um pedacinho do Brasil que nossos governantes só enchergam quando vão pedir votos para se elegerem e continuarem empoleirados nas estruturas do poder.

Acho que a recusa da Câmara Federal em não cassar um de seus membros que foi condenado pelo STF por corrupção e outros crimes correlatos, já cumprindo pena penitenciária da Papuda no DF reflete bem este contraste que existe no Brasil. Impunidade e corrupção andam juntas e misturadas, vergonha e tristeza para todos nós, que sonhamos com um país, justo e decente!

Juacy da Silva é professor universitário, aposentado UFMT, mestre em socioloia.
[email protected]

 

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