O surgimento de grandes massas ocupando as ruas, avenidas, praças e rodovias não apenas das regiões metropolitanas mas também de cidades de médio e até de pequeno porte fez soar um alerta vermelho tanto nos hostes dos governos federal, estaduais e municipais e em diversos outros segmentos e instituições, como a Igreja, a imprensa, os partidos políticos, a academia, o Judiciário, o Ministério Público, o movimento sindical, as Forças Armadas e até mesmo no distante Congresso Nacional a e Presidência da República quase sempre alheios aos clamores de uma população sofrida, excluída e que clama por dignidade e respeito aos seus direitos.
Todos esses segmentos e instituições estão "queimando" as pestanas para entender o sentido, a profundidade, a extensão, as causas e as consequências desta erupção de um vulcão que parecia estar dormindo e que jamais iria acordar e lançar suas lavas país afora,queimando e destruindo tudo o que encontrasse em seus rios de chamas.
Ao longo de nossa história e também da história da humanidade todas as grandes manifestações populares e de massa sempre tiveram líderes, partidos, organizações a conduzi-las e de forma clara brandiam suas armas contra alguns problemas concretos que oprimiam o povo e de forma semelhante todas tiveram suas consequências, chegando algumas `a derrubada de governos ou regimes políticos, revoluções sangrentas ou o surgimento de regimes de terror, ditaduras e novos governos opressores e sanguinários. Isto aconteeu na Europa, na Ásia e também no continente Americano.
É por isso que todos os grupos, instituições, colunistas e outros segmentos estão procurando o sentido dessas grandes mobilizações de massa no Brasil no que poderia ser considerada a "primavera" brasileira, emu ma alusão `a "primavera árabe", mas como já estamos em uma outra estação, onde o frio é sua característica definidora, também poderiamos pensar em "um inverno brasileiro".
Ora, o inverno é uma estação marcada por dias sombrios, de pouca luz, onde a escuridão parece ser mais negra do que na primavera ou verão, onde a natureza se renova, o sol demonstra o seu explendor e o calor traz mais energia. Interessante, dizem que no inverno pelo fato das pessoas ficarem mais dentro de casa, para evitar os rigores da temperatura, o medo aumenta. Inverno poderia ser comparado `as ditaduras ,aos regimes opressores enquanto o verão e a primavera `a plenitude democrática.
Tendo essas considerações iniciais podemos identificar três ou quatro vertentes de análise do que está acontecendo no Brasil nessas últimas semanas e tentar perscrutar o que vem pela frente, ou seja, quais os desdobramentos futuros ou as consequências de tudo isto.
Para os conservadores, incluido o que no jargão popular e ideológico convencionou-se chamar de "direita", tudo não passa de uma ação planejada dos partidos que se alimentam da ideologia marxista, leninista, socialista, trotskista, maoista , anarquista e outros mais, os quais seriam os insufladores das massas a partir de uma reivindicação concreta para extrapolar para protestos contra tudo e todo, inclusive, atos de vandalism e violência, pois na verdade jamais desistiram do sonho de realizar uma revolução, conquistar o poder e instalar no Brasil uma ditadura do proletariado.
O problema é que dentro do Governo Lula/Dilma, capitaneado pelo PT e seus aliados, existem uma graande parcela de partidos e grupos que também professam tal ideologia, por exemplo, o PCdoB, originário da cisão do antigo partidão, optou no início dos anos sessenta a seguir a linha maoista, pois considerava que o PC que comandava a Unão Soviética naquela época por mais de quatro décadas, era considerado "reformista". Basta lembrar que o PCdoB e outros grupos aliados não titubearam em pegar em armas para tentar a derrubada do Governo militar. Há um bom tempo o PCdoB, detém o commando da UNE e de outros movimentos estudantis e também tem uma "quota" ministerial no loteamento do Governo federal, incluindo o Ministério dos Esportes, abalado há uns tempos pela corrupção que existe nas entranhas do Governo Federal.
Para o PT e boa parte desses grupos ideológicos enquistados no Governo a interpretação é exatamente oposta, dizem que os fomentadores dos protestos seriam as forças conservadoras, retrogradas, as elites que não abrem mão de seus privilégios e estariam insuflando as massas para enfraquecer o Govero (já bem fraco) de Dilma, dificultar-lhe a reeleição e o aprofundamento das reformas políticas, econômicas e outras transformações que estão em curso, principalmente após a chegada de Lula ao poder e a continuidade de um governo do PT por mais 30 ou 50 anos, como aconteceu no México com o PRI que ficou no Poder por quase setenta anos e na Ex-Uniao Soviética, onde os comunistas governaram por 72 anos, ou em Cuba onde o Partido Comunista também está no poder ha mais de 50 anos.
Voltarei a este tema oportunamente para falar sobre duas outras interpretações que estão circulando sobre o significado das manifestações populares e o que isto tem a ver com a grande estratégia do PT e do Palaácio do Planalto e de Lula quanto ao futuro. O próximo ano promote, além da COPA da FIFA muitos lances emocionantes em nosso país.
Juacy da Silva, professor universitário, UFMT, colaborador de Só Notícias.
@profjuacy
www.professorjuacy.blogspot.
[email protected]