"Há escolas que são gaiolas… Há escolas que são asas" (Paulo Freire)
Alta Floresta, no ano de 2008, foi um dos municípios brasileiros a ser contemplado com o Programa de Educação Integral Mais Educação. Esse Programa tem transformado desafios em oportunidades. Ele permitiu ressignificar a vida de muitas crianças.
Desde seu início, muitos têm sido os desafios encontrados: a resistência dos pais em aceitar seus filhos fora de casa o dia todo, o "espaço" limitado para atender as crianças, a desvalorização do monitor/oficineiro que contribui diretamente com a formação integral dos estudantes. Diante disso, é necessário rever algumas concepções. Mapear a comunidade, o bairro em busca de possibilidades. Enxergar a cidade como ambiente educador é a proposta desse trabalho integrado. Passa-se a considerar este entorno para re-significar a prática educativa, ligando a escola com a vida da comunidade, considerando no projeto pedagógico os saberes emanados do contexto local, como também para dividir com a comunidade e com as demais instituições, ali localizadas, a responsabilidade sobre a educação das suas/nossas crianças, adolescentes e jovens. Todos são responsáveis nesse processo imensamente importante que é "EDUCAR", em que a escola reconhece e precisa ganhar outros parceiros. Rever a concepção de espaços de aprendizagem passa a ser uma tarefa coletiva. A escola deixa de ser o único local para a construção do conhecimento. Relações tiveram que ser estabelecidas – a partir daí a escola passa a trabalhar conjuntamente pautada nos seguintes questionamentos: O que queremos e o que precisamos fazer para chegar lá.
"O Programa Mais Educação precisa de muito espaço e muito tempo. Mas é um muito que não se restringe a metros quadrados e a mais horas de relógio, não. É muito mais que isso. E, ao mesmo tempo, muito menos. Explico: Quando ele chega a nossa escola ele impacta, afeta o status quo. É que o Programa Mais Educação é exigente, guloso. Não quer só mais educação, quer também mais espaços, mais tempos, mais gente, mais oportunidade" (Série Cadernos Pedagógicos "Territórios Educativos para Educação Integral").
Várias estratégias são utilizadas, a começar pela construção coletiva do PPP, onde o Mais Educação passou a ser visto como um instrumento de efetivação das ações. Cria-se meios para envolver os pais nas mais diversas atividades promovidas pela escola na intenção de garantir a permanência de seus filhos no Programa. Logo os professores também começam a perceber a mudança, o quanto as crianças estão se desenvolvendo, estão mais ativas, mais interessadas, mais cheias de vontade de aprender. A escola passa a ter outro significado. Tinha-se uma escola antes do Programa e hoje tem-se outra. Busca-se o fortalecimento do programa, visando o fortalecimento da escola, da dinamização do currículo. O desejo é que a partir dessas experiências, possa-se chegar a uma escola plena de Educação Integral.
"A escola que queremos para o Programa Mais Educação é integral, integrada, integradora; é uma escola que, em seu arranjo espacial, possa representar e potencializar o seu projeto político-pedagógico; uma escola com a ‘cara" de seus alunos, com a ‘cara" dos professores e de todos profissionais que ali trabalham, com a ‘cara" da sua comunidade, com a ‘cara" do Brasil. Parece até contraditório: como a escola pode ter a cara de cada um e a de todas ao mesmo tempo? Isso é o que é ser gente, ser brasileiro; é o Mais Educação. Ter identidade, mas ser parte da coletividade; igualdade com diversidade" (Série Cadernos Pedagógicos "Territórios Educativos para Educação Integral").
Mirna Lange, professora, coordenadora Municipal do Programa Mais Educação Departamento de Políticas Pedagógicas da Secretaria Municipal de Educação de Alta Floresta