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Novos shoppings: desenvolvimento e impactos urbanos

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Hoje quero falar sobre um assunto de grande importância para os cuiabanos e que merece atenção dos nossos governantes: o crescimento dos shoppings centers na capital. Em 2013 dois novos shoppings começarão a ser construídos, o que deve provocar aumento no impacto urbano em Cuiabá e na região metropolitana.

A capital mato-grossense conta atualmente com três shoppings centers. O mais antigo, o Goiabeiras, que completa 23 anos em 2012, passa por obras de expansão e terá 200 lojas e mais de 1090 vagas para estacionamento em breve. O segundo, inaugurado em 1997, o 3 Américas, oferta 182 lojas. Já o caçula, o Pantanal Shopping, que abriu as portas em novembro de 2004, conta com pouco mais de 200 lojas e sua ampliação já é dada como certa. Além deles, será construído o Cuiabá Plaza Shopping, que abrigará 270 lojas e o Shopping de Várzea Grande, primeiro da cidade, que contará com 301 lojas.

Para termos uma ideia, segundo pesquisa desenvolvida pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), os imóveis mais valorizados na capital mato-grossense estão localizados nas proximidades dos shoppings, com preços entre R$ 3,5 mil a R$ 4,2 mil por metro quadrado nos bairros Bosque da Saúde e Duque de Caxias. Nos bairros Centro, Consil e Jardim Aclimação, a média de preço pode variar entre R$ 2,5 mil a R$ 3,5 mil. Já nos bairros Araés, Bandeirantes e Cidade Alta, a média fica em torno de R$ 2 mil a R$ 2,5 mil o metro quadrado.

Devido a essa valorização e ao aquecimento da economia, os lançamentos de shoppings aumentaram no país. Só neste ano serão inaugurados 42 shoppings no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). O montante representa quase 10% de todos os 430 centros comerciais atualmente em operação.

O fato é que um shopping tem potencial para mudar o entorno de uma região, positiva ou negativamente. Por um lado, empreendimentos em áreas de baixa ocupação podem impulsionar o desenvolvimento, como ocorreu com o Pantanal Shopping. Mas por outro lado, um dos principais problemas é o impacto viário, pois os programas de melhoria desse modal atrelados à construção de shoppings nunca são suficientes ou inexistem.

Eles costumam levar em conta só o empreendimento em si, esquecendo que o entorno também muda e certamente irá gerar mais trânsito. Quem já não sofreu para chegar ou entrar em um de nossos shoppings? Principalmente com as obras da Copa, os cuiabanos estão sentindo como o nosso sistema viário está antiquado, estreito e insuficiente.

O Goiabeiras é um exemplo disso, a nova ala começa a ser aberta ao público, o que certamente vai gerar maior movimento no shopping, e ocasionará aumento de tráfego no entorno da construção. Porém, as alterações necessárias no sistema viário, para atender sua demanda de acessibilidade, não foram realizadas.

Estão às vistas os lançamentos imobiliários no entorno dos shoppings, imaginem quando tudo estiver pronto e habitado?! Moradores, visitantes, funcionários, prestadores de serviço, todos passando pelas mesmas ruas estreitas, estranguladas, pois não haverá estacionamento para todo mundo, prejudicando a fluidez do trânsito e a qualidade de vida dos que têm que enfrentar diariamente os inevitáveis congestionamentos. Polos geradores de tráfego deveriam apresentar antes soluções urbanísticas e se exigir dos empreendedores investimentos para minimizar esses impactos na região.

O Cuiabá Plaza Shopping anunciou a construção de uma nova via entre o bairro Santa Rosa e a avenida Miguel Sutil como principal medida mitigatória que deverá ser adotada como compensação dos impactos que serão gerados com a instalação do shopping na região. Porém, os reais impactos que os centros de compras em construção surtirão urbanisticamente na cidade só poderão ser sentidos, após o efetivo funcionamento desses empreendimentos.

Extrapolando os aspectos relacionados especificamente com o trânsito, mas influenciados por ele, diversos impactos podem ser verificados e comprometem a qualidade de vida na cidade. São eles: deterioração da paisagem, poluição sonora, visual e do ar, que, por sua vez, trazem danos à saúde da população. Solicitação de aumento de infraestruturas como redes de água e esgoto, coleta de águas pluviais, alterações no adensamento das áreas do entorno, especulação imobiliária, entre outros.

Esperamos que ao final das obras que estão em curso para a Copa do Mundo de 2014 nossos "gerentes" políticos percebam a necessidade de investimentos periódicos para não acontecer novamente o caos instalado em nossa cidade por serviços que deveriam ter sido feitos ao longo de décadas.

No futuro, quem sabe poderíamos seguir um exemplo como de Manhattan, em Nova York, onde não existem shoppings, lá só se permite construir este tipo de empreendimento nas estradas, longe da cidade. É hora de pensar se não seria interessante adotarmos esse modelo?!

Frankye Brito – arquiteto, com MBA em Gestão Empresarial e Gestão de Projetos

 

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