quinta-feira, 19/setembro/2024
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Em busca da hegemonia

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O PT surgiu como um partido de massa e passou a ocupar ao longo de seus pouco mais de trinta anos o espaço que os partidos comunistas e socialistas não tinham e ainda não têm conseguido alcançar ao longo de suas histórias, principalmente por terem sido perseguidos em função de suas ideologias , dos resquícios da Guerra-fria e da natureza dos regimes políticos existentes no Brasil.

De forma maquiavélica Vargas facilitou a criação do PTB como forma de esvaziar os partidos que defendiam o socialismo e o comunismo no meio operário. A forma mais efetiva foi o surgimento da legislação trabalhista de um lado, garantindo uma série de direitos que até o início da década de quarenta representava apenas uma mera utopia para os trabalhadores e de outro, a implantação de uma tênue rede de assistência e proteção social, na previdência e na distribuição de alimentos/refeições , saúde pública e outros serviços.

O surgimento do sistema S, uma parceria muito bem engenrada entre empresários do setores industrial nascente e do comércio, possibilitava manter sob controle algumas das "reivindicações" do ainda bem fraco movimento sindical, surgido de forma atrelada e controlado pelo governo e pelo patronato.

Todavia, vários segmentos ficaram de fora desta rede de cobertura social, como os trabalhadores rurais, os empregados/as domestéticos/as, os autônomos e outros mais. Com excessão dos trabalhaadores rurais que foram mobilizados pelas ligas camponesas de Julião e o apoio do Miguel Arraes em Pernambuco, Aluísio Alves no Rio Grande do Norte e outros políticos de esquerda em vários estados no início da década de sessenta, pouca mobilização podia ser notada, com excessão de algumas categorias como metalurgicos em SP e outros estados.

De 1930 a 1964, com excessão do Governo JK e o curtissimo período de Jânio, o Brasil viveu sob a influência de Getúlio Vargas diretamente ou através de seus herdeiros como Brizola e João Goulart. De 1964 a 1985, o país esteve sob o regime militar com diferentes generais-presidentes se revezando no commando nacional.
O surgimento do PT, ainda em pleno regime militar, segundo alguns analistas, decorre de uma visão estratégica do então presidente General Geisel, seguido por Figueiredo, onde a influência do general Golbery é bem marcante. Segundo esta estratégica, deveria haver uma abertura, lenta, gradual e segura possibilitando ao final de um determinado tempo a "devolução" do poder aos políticos-civis, evitando qualquer forma de represália aos militares ou a quem com eles (empresários e políticos) dividiram o poder por duas décadas.

Na verdade o PT surgiu no bojo do movimento sindical do ABC, liderado por Lula, em meio a diversas greves. Apesar de um aparente confronto com os empresários e o governo militar no plano federal e governos civis em SP e outros estados, adeptos e parceiros dos militares, o PT era considerado um risco menor quando comparado com outros segmentos mais radicais e de base ideologica socialista ou marxista. Além disso o PT teve apoio incondicional dos chamados setores progressistas da igreja católica, fundados nos princípios da teologia da libertação e da intelectualidade engajada, vinculada principalmente ao meio universitário, onde a juventude também delirava com a idéia de mudanças no país.

Desde o seu início o PT tem um projeto de poder e uma visão de longo prazo. Ao chegar ao poder primeiro no nível municipal em algumas capitais importantes como Porto Alegre, São Paulo e Fortaleza, e Estados como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Acre, Brasília e Mato Grosso do Sul, e, finalmente o Palácio do Planalto,onde ao final do Governo Dilma terá completado 12 anos, tem conseguido manter dois discursos: um radical, de cunho socialista para empolgar as massas e outro mais palatável aos donos do capital nacional e internacional, aos latifundiiários e as elites dominantes.

Este tem sido o caminho que o PT tem traçado para conseguir a hegemonia política que a cada eleição vem se consolidando. É neste contexto que devemos interpretar os resultados das últimas eleições municipais e o segundo turno que deverá ocorrer dentro de poucos dias.

Oportunamente iremos analisar com mais detalhes os resultados finais dessas eleições e os cenários prováveis ou desejáveis para 2014, quando possivelmente o PT poderá consolidar de fato sua hegemonia na política brasileira e as repercussões desta hegemonia para o país e para a sociedade!

Juacy da Silva, professor universitário UFMT, mestre em sociologia, colaborador de Só Notícias [email protected] Blog www.professor.juacy.zip.net

 

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