sábado, 7/setembro/2024
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Imigração e desenvolvimento

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A imigração é uma das questões mais complexas e controvertidas em debate nas eleições americanas tendo em vista o peso que os imigrantes e seus descendentes têm na população, na economia e em vários outros setores do país.
Em 2010 o total de imigrantes nos EUA era de 40,1 milhões de pessoas (12,1% da população total), sendo que em alguns estados este percentual é bem maior, como na California 27,2%; em New York 22,2%; New Jersey 21%%; Flórida 19,4%; Nevada 18,8%; Hawaii 18,2%, Texas 16,4%; Virgínia 11,4%. Estima-se que, apesar das medidas mais duras tomadas contra a imigração ilegal a partir do início do governo Bush, com ênfase após os atentados terroristas e a eclosao da crise econômica em 2007, que ainda existem 11,2 milhões de imigrantes ilegais no país. Em alguns anos as prisões e deportações de imigrantes ilegais chegam a mais de 350 mil pessoas.

Existe uma tendência observada ao longo das últimas três ou quatro décadas dos imigrantes legais e naturalizados votarem em candidatos do partido democrata. Nas últimas eleições Obama recebeu 67% dos votos da comunidade latina, por exemplo . Esta tendência parece que deve ser mantida nas atuais eleições, principalmente em dois estados considerados ainda indefinidos (Flórida e Virgínia) conforme apontam as últimas pesquisas mais favoráeis `a reeleição de Obama.

Em demografia existe uma teoria que afirma serem os imigrantes a parcela mais corajosa, aventureira e mais capaz, razões que explicam não apenas a decisão dessas pessoas deixarem seus lugares de origem mas também terem sucesso e vencerem toda sorte de obstáculos e desafios nos locais de destino. Pequisas realizadas ao longo de mais de um século sobre questões populacionais comprovam empiricamente esta teoria.

Outro aspecto relacionado com as questões imigratórias é a situação do local de destino em relação `a origem. Geralmente os imigrantes tem origem em regiões pouco desenvolvidas ou que apresetam dificuldades muito grandes. Quando o local de destino passa por uma fase de crescimento econômico ou outras condições favoráveis `a mobilidade social de quem decide mudar para outro país ou região. Isto também se aplica em todos os grandes deslocamentos humanos, inclusive no Brasil e em Mato Grosso, particularmente.

Enquando dura a fase de crescimento da região de destino a questão imigratória praticamente nem é percebida ou objeto de discussão, principalmente política. Todavia, quando surgem as crises econômicas e financeiras nos locais de destino, como atualmente acontece nos EUA, onde a recessão, a lenta recuperação e os índices de desemprego são elevados, imigração passa a ser objeto de debate até mesmo junto `a opiniao pública e não apenas nos meios político ou empresarial.

No caso dos EUA, nota-se que a participação dos imigrantes, legais ou ilegais, tanto em relação ao total da população quanto `a forca de trabalho tem aumentado de forma significativa nas últimas quatro décadas. Os imigrantes representavam apenas 4,8% da população Americana em 1970, tendo aumentado para 11,1% em 2000 e em 2009 chegou a 12,5% e para 2030 as projeções indicam 16,0%.

Já a participação dos imigrantes na força de trabalho é um pouco maior: em 1970 era de 5,3%, em 2000 passou para 12,5% chegando a 16,7% em 2009 e as projecões para 2030 é que devem ser de 22,0%. Em alguns estados, principalmente nos já mencionados anteriormente, esses percentuais são bem maiores. O mesmo acontece com algumas faixas de idade. Em 2010 a participação dos imigrantes na força de trabalho na faixa etária de 30 a 40 anos era de 21% e na faixa de 40 a 45 era de 19% e esta tendência deve ser mantida ou até aumentado nas próximas décadas, tendo em vista o envelhecimento da população não imigrante, aliada a baixas taxas de natalidade da populaçao branca e negra e a taxas de natalidade maiores entre imigrantes latinos e asiáticos.

Muita gente imagina que os imigrantes sejam um peso econômico e social para os EUA, mas inúmeros estudos apontam que isto não é totalmente verdadeiro e que a contribuição dos imigrantes e seus descendentes é muito grande para o país que ainda tem estrutura social bastanteaberta e permeável possibilitando a mobilidade e ascensão social, enfim, a integração desses grupos considerados minoritários na sociedade em geral.
Voltarei ao tema oportunamente com outros dados e reflexões.

Juacy da Silva, professor universitário, mestre em sociologia, atualmente morando nos EUA e colaboador de Só Notícias, mail [email protected]

 

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