Cuiabá está em plena expansão econômica e o setor da construção civil vive nos últimos anos uma revolução. É uma realidade que não dá para negar, especialmente pelos investimentos que começaram a aportar a partir do anúncio de que a Capital seria uma das 12 sedes da Copa do Mundo de 2014. É uma época considerada bastante frutífera, cujos aumentos nos ganhos, valorização de seus profissionais e expansão do mercado imobiliário são alguns fatores que têm contribuído para este crescimento.
Os maiores atrativos que a Capital mato-grossense oferece aos empreendedores que pretendem expandir os negócios rumo ao interior do país são: estabilidade econômica, densidade demográfica e disponibilidade de espaço para o crescimento da cidade.
Além disso, este boom é resultado de outros fatores, como a combinação de políticas públicas bem direcionadas para obras de infraestrutura, por meio dos programas Minha Casa Minha Vida e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a oferta de crédito e a ascensão das classes econômicas C e D da base social, garantindo demanda aos produtos do setor, entre outros.
Para se ter uma ideia, nos últimos oito anos a construção cresceu em média 4,6% ao ano. Conquistou o reconhecimento do governo e da sociedade por seu papel decisivo de alavancar o crescimento do país. E neste ano de 2012, estima-se um crescimento de 5%.
Não é a toa que cerca de 30 grandes empresas, algumas locais e outras nacionais, são as responsáveis pela mudança na nova paisagem urbana de Cuiabá. São empresas que vem atraindo investimentos tanto com relação à infraestrutura, quanto o capital privado, com a instalação de empresas, ampliação de hotéis, novas escolas e etc. Elas movimentam bilhões por ano, criando milhares de empregos e, na maior parte, apoiadas pelos incentivos dos programas de financiamentos, moradia e habitação do Governo Federal.
Porém, mesmo com esse boom, a construção civil registra problemas: mão-de-obra especializada escassa e, com essa elevada procura, a consequência é o aumento nos preços de serviços. Ou seja, a reclamação de empresas e construtoras é a de que nunca encontram funcionários suficientes e que muitos deles não têm a técnica necessária. Não me refiro necessariamente a engenheiros e arquitetos, mas serventes, pedreiros e mestres de obra, principalmente. A demanda por mão-de-obra qualificada em todos os setores, especialmente das engenharias, tem exigido que as empresas busquem profissionais em outros estados brasileiros.
Em Mato Grosso, boa parcela dos funcionários empregados em obras é recrutada de outros estados do país, a exemplo do Nordeste, atraídos principalmente pela remuneração salarial até 33% maior frente ao último ano. A verdade é que havia uma demanda reprimida. Não tínhamos tantas obras iniciadas ao mesmo tempo ou facilidade em acesso às linhas de crédito para construção. Mas precisamos nos reprogramar por conta da falta de mão de obra. Todo crescimento traz problemas e ainda existem vagas abertas, uma vez que o número hoje é insuficiente.
O fato é que a falta de mão-de-obra que já atinge os canteiros deve se agravar ainda mais nos próximos anos. Hoje a iniciativa privada precisa exigir da administração pública ou das entidades de classe investimentos pesado em capacitação ou estabelecer parcerias com empresas com know-how em treinamento.
E com a expansão a todo vapor aparecem outros problemas, como a deficiência da malha viária da cidade. Cuiabá sofre hoje com um volume de trânsito que não cabe em suas "artérias". Um empreendimento imobiliário traz junto com ele seus habitantes e visitantes, ou seja, mais carros e motos que precisam sair e voltar. Um exemplo disso é um shopping de luxo de São Paulo, que teve que investir R$100 milhões a mais do seu orçamento para adequar sua região do impacto que ele geraria no trânsito, esse tipo de estudo deveria ser levado mais a sério aqui em nossa cidade.
Apesar dos pesares, antes o caos do progresso do que a paz da estagnação.
Frankye Brito – arquiteto, com MBA em Gestão Empresarial e Gestão de Projetos