De 2011 até hoje, perdemos uma série de jornalistas para a morte: Clóvis Roberto, Eugênio Carvalho, Auro Ida, João Marinho, Dora Lemes, em Cuiabá, João Batista e Edson Santanna, em Rondonópolis.
A última, foi Dora Lemes, neste sábado. Discreta, eficiente e boa companheira. Trabalhamos juntos na revista Contato há muitos anos. Clóvis Roberto, cuja carreira cmeçou em Rondonópolis, na Rádio Clube, onde agitava as manhãs com questionamentos e reflexões. Em Cuiabá marcou-se no programa de TV, Cadeira Neles.
Dono de opiniões fortes, aventurou-se na política, por breve passagem. Eugênio Carvalho, uma referênciano jornalismo cuiabano. Fomos sócios na revista Contato e nas rádios Vila Real AM, e FM 99, afora uma longa amizade que prosseguiu vida afora.Tinha por ele enorme admiração, pelo caráter limpo e pela simplicidade.
Auro Ida, jornalista político,extremamente bem informado, sabia de todos os bastidores e levava uma vida supersimples. Vez por outra conferíamos as nossas informações. Ele sempre sabia mais do que os bastidores políticos. Morreu assassinado obscuramente.
João Marinho, conheci primeiro na tela da TV Centro América, com um cabelão enorme e cara fechada, apresentando o telejornal Jornalismo Eletrônico. Trabalhamos juntos em alguns momentos, e nos cruzamos sempre para uma boa e longa prosa. Excelente proseador e dono de uma meiguice maravilhosa. Muito, muito leal!
João Batista, de Rondonópolis, era um pensador político de lá, dono de excelentes artigos provocadores e fortes. Boa prosa, pouco sorriso,grandes conteúdos de informações.
Edson Santanna e eu nos relacionamos por pouco tempo, o suficiente para longas conversas a respeito de sua incessante busca espiritual. Achava que em Mato Grosso encontraria respostas para as suas angústias existenciais. O coração o traiu antes!
Dora Lemes nos deixou depois de brigar anos com um câncer no pâncreas. Não o venceu, mas deu um trabalhão. Não se entregou e não foi sem antes mostrar que se pode lutar contra inimigos imperdoáveis.
Claro que todos esses amigos deixam saudades, mas deixam, sobretudo, um legado de trabalho. Todos tiveram passagens muito fortes pela imprensa e produziram transformações, cada um ao seu modo e ao seu tempo.
Pode ser até, que fundar emissoras de rádio e revistas, como Eugênio Carvalho, hoje não pareça tão relevante. Há 30 anos era fatal que isso fosse feito. Segui-lo é a nossa missão.
O mesmo se pode dizer de cada um desses amigos que partiram. Conheci-os de perto e sei da sua relevância para a sociedade, em momentos que era deles o protagonismo.
Certamente estão escrevendo a crônica de suas vidas lá onde estão, revendo as suas vidas e nos perguntando: para onde vão as pautas de vocês?
ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.
[email protected]