Costuma-se dizer que nem “só pão e circo” vive um país, numa demonstração de que para haver desenvolvimento são necessárias outras condições como governantes capazes e honestos, definição de políticas públicas de longo prazo e respectivas estratégicas, continuidade e maior aritculaçãao das ações de governo e participação mais ativa dos setores empresariais, substituindo a mentalidade paternalista por um espírito mais empreendedor.
Tendo esses aspectos como referenciais analíticos, podemos refletirr de forma mais racional sobre a crise pela qual está passando o setor industrial brasileiro, popularmente denominada de desindustrialização, considerada esta como a queda na participação do setor industrial na geração do PIB quando comparada com a participação da agricultura (setor primário) e os serviços.
Outra forma de analisar a desindustrialização é comparando os índices de crescimento dos três setores referidos e também o percentual e crescimento da mão-de-obra, do valor e volume de cada setor no comércio exterior (importações e expotações).
Conforme dados do DIEESE e artigo do Blog de Luís Nassif no início deste mes e diversos outros estudos e reportagens, o desempenho do setor industrial brasileiro vem caindo há várias décadas, desde que atingiu seu ápice em 1985, com 27,2% na formação do PIB. Em 2011 a participação da indústria na formação do PIB foi de apenas 14,6%, a menor desde 1956 , quando iniciou a aceleração da industrialização brasileira, durante o governo JK, quando foi de13,8%.
Entre 1985 e 2011, refletindo este processo, houve queda na oferta de empregos de 28%, enquato os demais setores, principalmente o de serviços e a agricultura foram responsável pela criação de milhoões de novos empregos.
De forma semelhante, a participação dos produtos manufaturados nas exportações brasileiras, caiu de 55% para 39,4%, conforrme dados do Ministério do Desenvolvimento e comércio exterior em 2012. Confirmando esses dados e esta tendência, a Revista The Economist desta semana demonstra que o crescimento do setor industrial brasileiro , que já era negative, tende a agravar-se. Em meados de janeiro os dados divulgados referents a 2011 eram de queda (ou ténicamente chamado de crescimento negativo) de – 2,5% e no final de março último foi de menos 3,4%.
Enquanto isto, os últimos dados mundiais indicam diversos países tendo crescimento do PIB bem mais elevado do que o Brasil e em relação ao crescimento do setor industrial o Brasil está em pior situaçao do que praticamente todos os seus concorrentes no cotexto do comércio internacional, como por exemplo: EUA 4,0%; China 11,4%; Rússia 6,4%;India 6,8%; Argentina 2,8%; Indonésia 3,3%;México 4,2%.
Além dos aspectos mencionados no início deste artigo, os estudiosos e organismos mais diretamente envolvidos com o setor industrial, além de órgãos do próprio governo federal, apontam como pricipais causas da desindusrialização e do enfraquecimento da inústria nacional, outras causas as seguintes: a) elevada carga tributária; b) deficiência crônica da infra-estrutura; c) avanço crescente e modernização dos setores de serviços e agricultura; d) aumento das importações em geral e de produtos industriais em particular; e) questão cambial; f) baixa qualificação da mão-de-obra e baixa produtividade da mesma; g) falta de inovação e baixos investimentos em ciência e tecnologia, tanto por parte do Governo quanto do empresariado.
Resumindo, de pouco adianta medidas meramente conjunturais, espasmódicas e pontuais tomadas há várias décadas pelos governantes de plantão, agindo apenas em resposta ao lobby setorial, ora favorecendo um setor ora prejudicando outro, gerando incertezas e insegurança quanto ao futuro do setor industrial e do processo de desenvovimento nacional. Pacotes como os estabelecidos pelos governo Lula e agora Dilma não trazem efeito positivo de longo prazo. É como desvestir um santo para vestir outro.
Na verdade o Brasil continua sendo um país que se moderniza mas não gera conhecimento e produtos verdadeiramente nacionias como ocorreu com a Coréia do Sul, do Japão, da India, da Rússia e mais recentemente da China. Continuamos sendo um grande usuário/importador de produtos acabados, com alto valor agregado e um exportador de produtos primários in natura ou apenas semi-processados. Este continua sendo o grande desafio do desenvolvimento nacional!
Juacy da Silva professor universitário, fundador,titular eaposentado UFMT, mestre em sociologia.
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