No correr da semana que passou tomei a decisão de não concorrer a qualquer cargo eletivo nas eleições de 2010. Não posso dizer que foi uma decisão fácil. Mas garanto que foi uma decisão necessária. Vinha, há algum tempo, questionando a possibilidade de ser candidato a uma das vagas ao Senado, mas tinha sérias dúvidas, principalmente, quanto aos sacrifícios pessoais e aos de ordem familiar, sem contar que a carreira política não precisa ser exercida exclusivamente dentro de um mandato. Não pretendo me desligar do processo político.
Na realidade, não quero ser escravo da política ocupando um cargo político e fazendo dele trampolim para outro cargo político. Não nasci na política. Quero continuar como um membro atuante na política. Por isso, penso que a sociedade não deve dar um passo para trás. O passo deve ser para frente. O capital político construído no período em que estou governando Mato Grosso, somado com o esforço e a compreensão da sociedade, cobra de nós que devemos construir avanços firmes e permanentes.
Tenho sido muito questionado sobre o meu futuro político. Confesso que depois de oito anos em dois mandatos de governador, preciso de um tempo para respirar, para andar por Mato Grosso e avaliar se o esforço serviu para produzir mudanças, quero ouvir as pessoas, ser eu mesmo, e poder me perguntar: valeu à pena? Quero ser julgado pela sociedade, e não pelo voto. Não gostaria de ser apenas mais um no processo.
Sei que a decisão de não concorrer em 2010 está gerando e vai gerar muitos outros questionamentos políticos e partidários. Porém, fui eleito e reeleito e tenho responsabilidades com o governo e com a sociedade que confiou em mim. Vou continuar governando com pulso firme, promovendo novas obras, cobrando a conclusão de obras, criando novos projetos e acompanhando o andamento de todas as responsabilidades com as quais assumi compromissos.
Não tenho necessidade de fazer uma carreira política contínua. Penso que nos tempos atuais uma série de valores novos nos cobra atitudes novas, como não ter medo de tomar decisões, de respeitar os desejos da sociedade e devolver-lhe a confiança de ter sido eleito e reeleito.
Mas, diante dos questionamentos, reafirmo que não vou sair da política, nem do processo político. Construí fortes relacionamentos, compromissos com os destinos de nosso Estado, e uma vez tendo ocupado o cargo de governador e convivido com tantos problemas de todas as naturezas, e com as expectativas sociais, um governante não pode afastar-se completamente. Precisa manter-se no processo político, no mínimo, como magistrado nas situações políticas, e como interlocutor de segmentos da sociedade junto ao governo federal e a tantas outras situações importantes.
Por isso, quero sinalizar com clareza que vou para outro lado da política, com a tranquila convicção de que cumpri o papel e a missão que a sociedade de Mato Grosso esperou de mim. Isso é da minha personalidade. Pensei bastante, ouvi a minha família e concluí por não disputar nenhum cargo em 2010. Confio que a sociedade, os partidos, os partidários e o sistema político se articularão da melhor maneira para a construção dos projetos políticos de 2010 e do futuro. A única diferença, é que não estarei dentro dele como candidato. Mas estarei junto cumprindo todas as funções e papéis como responsável pelos destinos da administração do governo de Mato Grosso.
* Blairo Borges Maggi, engenheiro agrônomo, é governador do Estado de Mato Grosso
PUBLICIDADE
Não vou sair da política
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE