Tudo leva a crer que a crise política e como consequência a crise econômica, institucional, financeira, orçamentária, social e moral irão se agravar mais nas próximas semanas e meses, transformando-se em um verdadeiro furacão ou tsunami que poderão provocar grandes estragos ao país, mas principalmente ao já combalido e desacreditado Governo Dilma.
Vários fatos, como as denúncias do Procuador Geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal de Federal, começando pelo Presidente da Câmara Federal , Eduardo Cunha, antigo aliado e atualmente um feroz opositor ao Governo Dilma, apesar de pertencer ao PMDB, mesmo partido do Vice Presidente Temer e do Presidente do Senado, Renan Calheiros (este também incluido na famosa lista de Janot e que pode acabar sendo denunciado ao STF), acrescida da recondução do Procurador Geral, com debates acalorados e tensão no Senado, podem esquentar de vez o clima politico na Esplanada dos Ministérios.
Juntamente com Eduardo Cunha, também foi denunciado ao STF o ex-Presidente Collor, que já teve suas residências e empresas vasculhadas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, acusado, como todos os demais da lista de Janot, de receberem propina oriunda da roubalheira na PETROBRÁS. Apesar de que todos os investigados sempre se dizem inocentes, até prova em contrário, aos poucos a mídia vai expondo as entranhas do submundo do crime de colarinho branco que está destruindo o Brasil.
Várias outras figuras importantes, como a ex-ministra da Casa Civil do Governo Dilma, a senadora Gleice Hoffman, líderes de vários partidos, tanto no Senado quanto na Câmara Federal e até mesmo a Presidente Dilma e seus coordenadores e tesoureiros de campanha em 2010 e em 2014 e também o ex-presidente Lula estão presentes no noticiário, como participes ou beneficiários desses escândalos que estão abalando os alicerces políticos da República.
Na última terça feira foi a vez do tira-teima entre dois figurantes da operação Lava Jato, o ex-Diretor da PETROBRÁS Paulo Roberto Costa e o doleiro Youssef, ambos presos em Curitiba e já condenados pelo Juiz Federal Sérgio Moro, a comparecerem à CPI da Petrobrás para serem acareados publicamente, quanto as várias de suas denúncias quando da delação premiada.
O interessante é que além da TV Câmara, algumas redes de TV, como a Globo e Band, também transmitiram ao vivo práticamente toda a sessão que durou mais de tres horas, e todas as TVs abertas também deram destaque a essa acareação, quando ambos confirmaram de viva voz boa parte do esquema criminoso que durante os governos Lula e Dilma tem assaltado a Petrobrás, favorecendo parlamentares e gestores indicados pelo PT, PMDB, PP e outros partidos da base aliada, para cargos tanto nas estatais quanto na Administração pública direta, aparelhadas pelos atuais donos do poder e seus apaniguados.
Após sua recondução, segundo notícias veiculadas a conta-gotas pela imprensa, o Procurador Geral da República deverá denunciar, não se sabe se de uma vez ou aos poucos , mais de duas ou tres dezenas de “autoridades” com mandato ou ex-mandatários, todas figuras ilustres da República, o que deverá colocar mais lenha na fogueira e deixar em polvosora a esplanada dos ministérios. Vai ser uma correria digna de filme de faroeste, com muito tiroteio, mortos e feridos. Esse cenário tenebroso vai alimentar todos os veículos de comunicação , tanto nacionais quanto internacionais.
Só no Senado são 13 os que estão sendo investigados pelo Ministério Público. Por coincidência na votação secreta no Plenário do Senado 12 senadores votaram contra a recondução de Janat e um se absteve, enquanto mais de os demais presents votaram favoravelmene.
Para completar este quadro complicado ainda estamos vivendo uma grave crise econômica interna e agora internacional, o agravamento da crise econômica, financeira e orçamentária, as trapalhadas do Governo Dilma e da própria presidente, que a cada dia tem um discurso diferente e tenta, desesperadamente, encontrar um rumo para seu governo e o país, mas que continua desacreditada perante a opinião pública.
Recessão prolongada, a pior desde os anos trinta do século passado, inflação em alta, aumento generalizado de precos, aumento de impostos, queda na arrecadação federal, estadual e municipal, aumento do desemprego que já supera dez ou doze por cento em vários estados e mais de 18% entre jovens, aumento da inadimplência, desvalorização cambial que está destruindo os sonhos da classe média e encarecendo até o pãozinho nosso de cada dia, a queda do preco das “commodities”, a crise das bolsas e a desaceleração da economia da China, a incompetência do Governo em definir políticas e estratégias para enfrentar a crise, a violência que continua amedrontando a população, o caos na saúde pública, na educação e outros setores do Governo, a baixa qualidade dos serviços públicos e a corrupção endêmica levam o desespero ao povo que perde boa parte da esperança que sempre teve em relação ao futuro de nosso país.
Outro complicador são as rusgas e brigas internas entre os partidos da base de apoio que lutam por cargos e uns nacos do orçamento, incluindo as famosas emendas parlamentares. O mais grave em tudo isso é o possível abandono do barco ,que está naufragando, por parte do PMDB que não quer morrer afogado junto com o PT, tragados pela incompetência e corrupção que já se tornaram as marcas do atual Governo. Dilma pode perder definitivamente a credibilidade agravando a governabilidade e estabilidade institucional, o que seria mais grave ainda.
Resumindo, se a situação já era ruim, vai ficar péssima. O avião está em meio a um grande turbilhão, uma enorme tempestade, em queda livre, recomenda-se aos passageiros que apertem o cinto e usem máscaras antes do desastre final.
Juacy da Silva professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia
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