quinta-feira, 28/março/2024
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De protagonistas

Eduardo Gomes de Andrade
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Duas situações em Mato Grosso (no Brasil inteiro). Primeiro: nenhuma droga ilícita. Segundo: corrupção zero, racionalização sindical, funcionalismo fantasma pulverizado, fim do duodécimo e do Sistema S, e controle externo da magistratura. Claro que isso é utopia, mas imaginemos que se materializasse.

Sem droga o índice de violência baixaria para níveis escandinavos. Ficaríamos livres dos barões do narcotráfico, das bocas de fumo, do tráfico formiguinha, e dos assassinatos, assaltos e outros crimes violentos motivados pelos tentáculos desse submundo por trás dos muros penitenciários e fora dele, e a um passo de deixar de ser poder paralelo para assumi-lo. Sem corrupção, como diz o jargão clichê, sobrariam recursos para Saúde e Educação.

Estancado o tráfico haveria uma crise de abstinência dentro das mansões onde os pais negam que o filho seja usuário. Onde buscar amparo psicológico e médico para figuras da elite social e os miseráveis? No SUS, pois alcançada as duas situações o Estado teria mais recursos e gastaria menos com Segurança.

Finda a roubalheira nos cofres públicos teríamos uma legião de parasitas sentindo no bolso a falta do dinheiro que corria fácil. Teríamos uma multidão de figuras que ora gravitam no entorno do poder em todas as suas esferas recebendo salários sem contrapartida. Teríamos sindicalistas profissionais fora da sombra das mamatas lutando pela sobrevivência que o peleguismo não lhes cobra. Teríamos legislativos com racionalidade orçamentária. Não teríamos mais a voracidade financeira do Sistema S. Teríamos magistrados sobre os quais se pesassem suspeitas de venda de sentenças seriam investigados com transparência e, ao término, se condenados, não contariam com aposentadoria compulsória. Ficaríamos livres dos tribunais de contas transferindo às câmaras, assembleias, Congresso e Ministério Público a fiscalização do erário.

Claro que isso jamais sairá do campo utópico. É mais cômodo ir às urnas apontando o dedo apoiador ou crítico aos candidatos, mas com o devido cuidado para que não tenhamos a verdadeira mudança que se faz urgente e necessária.

Vamos para o voto de superficialidade que até pode exorcizar um ou outro político, mas que não leva em conta a guinada sem a qual continuaremos mergulhados no status quo criticado pontualmente desde que a crítica não se volte contra nós. Somos a peça basilar da estrutura corrupta e viciada do poder. Nossa condição não é a de meros coadjuvantes dessa vergonha: por omissão, conivência, submissão e por interesses rasteiros somos os verdadeiros protagonistas do Estado calhorda onde vivemos.

Eduardo Gomes de Andrade é jornalista em Mato Grosso
[email protected]

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