sexta-feira, 29/março/2024
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De Iowa a Casa Branca

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Na última segunda feira, 01 de fevereiro, foi dada a largada para a corrida à Casa Branca em 2016, símbolo do núcleo central do poder na maior superpotência na atualidade, onde a figura do Presidente  dos EUA representa este poder.
O processo eleitoral nos EUA é completamente diferente do que ocorre na maioria dos países, onde não existe uma legislação única que regule  a  escolha dos candidatos e o processo eleitoral, não existe justiça eleitoral, nem Tribunais eleitorais, muito menos juizes eleitorais, onde o voto e facultativo, para cidadãos por nascimento ou por naturalização.  Também não existem  horário “gratuito” e nem propaganda eleitoral obrigatória nos meios de comunicação de massa, os partidos e os candidatos podem pleitear e receber contribuições de pessoas físicas e juridicas, respondendo cada um pelo que acontece, não existe “caixa dois”  e corrupção praticamente é inexistente, quando ocorre algum deslize  a justiça comum e os organismos de controle, incluindo o FBI agem 
com extrema agilidade, imparcialidade e rapidez.

Os pré-candidatos e depois os candidatos de cada partido escolhidos em convenção podem usar e pagar pelo uso os diversos meios de comunicação,  com destaque para  os diversos canais de TV que promovem debates, entrevistas, análises e comentários, possibilitando aos eleitores conhecerem em profundidade as propostas de cada pleiteante a residir na Casa Branca por quatro  anos.
Os  temas que mais motivam  os candidatos e eleitores  tem sido: Saúde, Gastos governamentais, governança, tamanho do Estado, emprego  e a situação geral da economia, imigração, conflitos internacionais, com destaque para o terrorismo, educação, questão ambietal e o desenvolvimento da ciência e da tecnologia.

Quanto aos aspectos éticos, parece que todos os candidatos sabem que corrupção é crime , que dá cadeia, em regime fechado e ai ninguém ousa imaginar em tirar  um pouco das contribuições  para aumentar seu patrimônio pessoal  familiar ou para o partido. A Lei é rigorosa e o peso da justiça muito pesado. Interessante, aqui não existe foro privilegiado, nem tratamento especial a ser dispensado pela justiça quando o crime e cometido por pessoas importantes, com ou sem mandato, todos são  julgados e condenados pela mesma lei e na mesma instância, talvez por isso o scrimes  de colarinho branco não prosperem tanto como no Brasil.

Tendo  esses aspectos como pano de fundo, podemos entender melhor como ocorre a dinâmica democrática e eleitoral neste país, onde jamais houve um golpe de estado e onde apenas dois partidos disputam eleições ao longo de mais de dois séculos e meio, sucedendo-se no poder, dentro de um Sistema que os Americanos definem  como pesos e contra-pesos, entre os poderes executivo e legislativo.  Parece que existe uma sabedoria popular entre os eleitores  que dificilmente o partido que detém o controle do executivo também tem a maioria no Congresso, que, diferente de muitos países o Poder Legislativo não se transforma  em um apêndice ou capacho do Poder Executivo.  Mesmo que um partido, Democrata ou Republicano, tenha o controle do Executivo e do Congresso,  a bancada do partido majoritário não “obedece”  as ordens do Presidente , pois existe  uma divisão clarra de poderes e atribuições.
Outro aspecto interessante, quem   é eleito para a Câmara ou para o Senado, é  escolhido pelos eleitores para ser  um legislador e um fiscal do Poder Executivo, jamais irá ser designado como ministro ou que aqui é chamado de secretário, isto é considerada uma verdadeira aberração política e jamais  uma prática a ser aceita, mesmo que não exista Lei que impeça  tal prática.

Outra característica marcante do Sistema politico Americano, os partidos não aparelham o Estado, ou seja, a Administração Federal não é usada como mecanismo de barganha para aprovar projetos do Poder Executivo e muito menos como feudos do partido que esteja no poder na Casa Branca.

No aspecto eleitoral, cada estado e cada partido  tem o poder de estabelecer normas que devem reger a escolha dos delegados que, em convenção nacional, irão definir o candidato de cada partido e ai, sim, passa a ocorrer a disputa entre os candidatos dos partidos democrata e republicano para ocupar por quatro ou se for reeleito por oito anos, a Casa Branca e comandar  uma máquina pública muito podrosa, cujo orçamento em 2016 é de 4,5 trilhões de dólares  e um PIB de 18,7 trilhões  de dólares.

A escolha dos delegados de ambos os partidos obedecem  a dois sistemas, as “eleições primárias”, onde, através do voto secreto, ah,  aqui também as urnas eletrônicas não existem, por não serem o bastante confiáveis, quando as pessoas, voluntárias e livremente  inscritas em  um  ou outro partido, ou mesmo como independentes, comparecem aos locais de votação e escolhem seus candidatos. O outro Sistema é denominado de “caucus” , tipo de assembléia popular, onde todos os filiados, democratas  em  um determinado local e republicanos em outro  e ai, cada grupo que apoia  um candidato se reune  em um “canto” do local ou sala e os demais se aglutinam de acordo com suas preferências.

Por exemplo, na última segunda feira, o “caucus” em Iowa,  tinha  apenas tres candidatos pelo partido democrrata, Hilary Clinton, que foi a vencedora; Senador Bernie Sanders, e o ex–governador  de  Maryland, Martin O’Malley, que acabou tendo menos de 1% dos votos e após este  resultado abandonou a disputa, deixando apenas duas candidaturas.

No partido republicano, os eleitores tiveram que se juntar em 10 “grupinhos”  ou grupões nos espaços designados, pois o partido que  está fora  da Casa Branca  há oito anos e pretende retornar, tem 10 candidatos  e ainda tem um longo caminho pela frente para afunilar esta disputa.

Nos próximos artigos pretendo apresentar  a dinâmica da escolha e os resultados das primárias que há meses dominam o noticiário tanto da imprensa local, quanto nacional e internacional, afinal, as eleições presidenciais nos EUA interferem diretamente na política, na  economia e na geopolítica mundial e, desta forma, afeta também todos os demais países, inclusive o Brasil.

Juacy da Silva – professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, morando atualmente nos EUA
[email protected]
Blog www.professorjuacy.blogspot.com
Twitter@profjuacy

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