quinta-feira, 28/março/2024
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Nadaf confirma que Silval Barbosa repassava propina ao filho

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O ex-secretário estadual da Casal Civil, de Indústria e Comércio, Pedro Nadaf, abriu seu depoimento, esta tarde, confessando crimes. "A acusação é verdadeira. Cometi fraudes e delitos contra o Estado e quero reiterar meu pedido de desculpas por isso, por ter participado desta organização criminosa", afirmou, esta tarde, em audiência com a juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Arruda.

Ele explicou que os delitos cometidos foram cobrar de empresários propinas para levantar recursos e custear saldos financeiros de campanha, pagamento de dívidas e passivos que ficaram. "A organização passou a saldar esses débitos", reafirmou ele descrevendo os crimes investigados na segunda fase da operação Sodoma. "Tínhamos uma atuação em tudo aquilo que levantávamos para pagar a dívida. Depois que as dívidas eram pagas era feito um rateio entre os valores que sobravam. Cada um tinha uma participação nesse dinheiro dentro de sua participação naquele delito".

Segundo Nadaf, o ex-chefe de gabinete de Silval, Silvio Araújo, tinha carta branca e muitos poderes na organização. "Silvio era uma espécie de porta-voz do governador a todos os demais membros que faziam parte da organização. Ele tinha uma forte atuação na Secretaria de Administração", disse Nadaf ao comentar sobre o poder de Silvio. "Com esse poder paralelo, ele passava a despachar diretamente com o secretário de Administração sobre os contratos e valores de propina já acordados e pré-definidos por eles".

Nadaf revelou que também era orientado pelo ex-secretário de Estado de Administração, César Zílio, sobre algumas formas de levantar dinheiro ilegalmente. Citou como exemplo o caso de contratos com gráficas, fato que já foi investigado e Nadaf virou réu em uma ação por improbidade administrativa. Revelou que a saída de Zílio da secretaria foi pelo fato de ele ter "enganado o governador".

Por isso foi transferido para a MT-PAR. "O governador chegou até mim e disse: ‘olha, preciso silenciar o César. Vou deixar ele de stand by por mais um tempo no MT-PAR e assim consigo atender o PMDB que está me forçando muito por espaço’. Assim ocorreu a entrada do Francisco Faiad (PMDB) no governo", revelou Nadaf.

Pedro Nadaf explicou a participação de cada um dos membros na quadrilha e confirmou detalhes que ele já revelou na primeira confissão, feita no dia 15 deste mês. “A minha participação era no sentido de articular com os demais membros, levantamento de recursos para a gestão do governo. Eu estava mais ligado ao Marcel ao Chico Lima, ao governador e algumas outras pessoas que não aparecem aqui e vou me reservar em não fazer as colocações aqui".

Ele revelou ainda que a pressão por dinheiro ilegal a fim de custear dívidas pessoais e de compromissos políticos era constante. “Sofríamos pressão por dívidas quase que diariamente e tínhamos que produzir atos ilícitos além de outras propinas para levantar recursos”. Ele também confirma que Marcel de Cursi, ex-secretário de Fazenda  fazia parte da quadrilha e auxiliava na elaboração de leis que beneficiavam a organização para dar legalidade a transações realizadas no interesse de angariar recursos para custear despesas da quadrilha.

Nadaf também confirmou que o empresário e médico, Rodrigo da Cunha Barbosa, filho de Silval, também integrava a quadrilha. “O Rodrigo que veio a fazer parte da organização, eu o via sempre no Palácio. Presenciei o pai entregando propina ao Rodrigo, por mais de duas vezes. Em uma delas, eu entreguei a propina ao governador e ele repassou imediatamente ao filho, mas vou me reservar ao direito de não dizer de onde veio essa propina”. Pedro Nadaf conta que também presenciou Silval Barbosa autorizando o filho a pegar dinheiro de propina guardado no armário do banheiro de seu gabinete no Palácio Paiaguás.

O ex-secretário detalhou sua participação na quadrilha bem como a atuação dos demais membros. Ele revelou negócios que mantinha com César Zílio envolvendo a compra e venda de gado. Confirmou que comprou os 1,2 mil animais de Zílio usando dinheiro de propina. Garantiu que vai devolver tudo ao Estado. Ele confirmou que a origem de diversos cheques de diferentes empresas usados na compra do gado eram todos provenientes de "atos ilícitos".

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