O delegado da Polícia Federal, Wilson Rodrigues da Silva Filho, que também conduz investigações na Operação Ararath, apontou em relatório, elaborado em março passado, que há fortes indícios para que o prefeito de Sinop, Juarez Costa (PMDB), seja indiciado por corrupção ativa, após a denúncia do empresário Junior Mendonça, que afirmou ter feito empréstimo de R$ 500 mil para que o prefeito sinopense comprasse uma sentença, do então presidente do TRE, Evandro Stabile, e não fosse cassado. Para o delegado, "os elementos de informação trazidos a tona são fortemente indiciários" dos crimes de corrupção ativa para Juarez e o governador Silval Barbosa, e de corrupção passiva para Stabile".
Ainda no relatório, que Só Notícias teve acesso, o delegado Wilson Rodrigues da Silva Filho, aponta: "há ainda, no que tange a forma de pagamento, por intermédio de Gercio Junior, conforme narrado, indícios de lavagem de dinheiro". O relatório do delegado está no inquérito da Operação Ararath. Como a investigação ainda está em andamento, não foi confirmado se Juarez foi indiciado.
O empresário Gersio Junior, conhecido como Junior Mendonça, que operava empréstimos fraudulentos -juntamente com o ex-secretário Eder Moraes (que continua preso)- e eram pagos com recursos públicos, disse para a Polícia Federal, em depoimento, que foi procurado, em 2009, pelo membro do TRE, Eduardo Jacob, "orientado pelo governador Silval Barbosa" para levantar a quantia emprestada de R$ 500 mil para pagamento de propina para Evandro Stabile" com objetivo de "resolver o problema da cassação de Juarez". Consta no inquérito que Stabile recebeu ação cautelar onde Juarez recorria da cassação, em 30 de junho de 2009, às 17:52hs e às 17:58hs foi encaminhada decisão (liminar) à secretaria judiciária do TRE, despachada por Stabile, para que o prefeito sinopense continuasse no cargo.
Junior também apontou, em depoimento, que Juarez "estava com medo de trazer elevada quantia de Sinop", tendo feito o empréstimo a Eduardo Jacob e recebido cheque como grantia. "O empréstimo teria sido pago também em espécie, por este, tendo resgatado título de crédito como garantia".
Junior Mendonça também revelou para a PF diversas operações de créditos ilegais acusando Eder Moraes de agir em nome do ex-governador Blairo Maggi e do atual, Silval Barbosa. Em documentos apreendidos na casa de Eder, a federal descobriu que parte do dinheiro foi para políticos, algumas empresas, alguns órgãos de imprensa e pagamento de despesas diversas.
Outro lado
Procurado por Só Notícias, o advogado Alexandre Gonçalves Pereira, disse que o prefeito Juarez Costa "não foi notificado de nada até agora. Assim que formos notificados, vamos prestar devidos esclarecimentos", informou. O prefeito ainda não se manifestou sobre as acusações desde que foram reveladas as acusações feitas por Mendonça.
Em declaração anterior, Evandro Stabile negou as acusações feitas por Junior Mendonça. O desembargador está afastado das funções no judiciário desde a Operação Asafe, feita pela Polícia Federal, em 2010.
(Atualizada às 10:01h)