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Ao menos 20 candidatos foram assassinados no Brasil desde agosto

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As eleições de 2016 eram para ser marcadas pelas novas regras eleitorais, como a proibição das doações empresariais e o menor tempo de campanha. Mas será lembrada pela violência. Desde agosto, quando começou oficialmente a disputa, ao menos 20 candidatos a prefeito e vereador foram assassinados em todo o país, de acordo com levantamento feito pelo Congresso em Foco. Não estão incluídos nessa lista os pré-candidatos, que não tiveram tempo sequer para registrar suas candidaturas, no início do mês passado. Os crimes foram cometidos de diversas maneiras e alcançam as cinco regiões do Brasil. A maioria foi praticada por disparos de arma de fogo.

Mas também houve candidato morto por objetos cortantes, como faca e chave de fenda. Muitos dos candidatos mortos não tinham experiência de mandato em cargos eletivos e tentavam se eleger pela primeira vez. As motivações também divergem e não se restringem ao pano de fundo da política. Em vários casos a principal linha de investigação é de crimes atrelados a rixas, vinganças pessoais e atuação de milícias e narcotraficantes. Em comum entre eles, a dificuldade das polícias em chegar até os criminosos. Alguns dos casos ainda patinam na apuração, o que não chega a ser uma novidade em um país onde de 5% a 8% dos crimes resultam em punição dos assassinos, segundo estimativas de estudiosos do assunto.

O estado com o maior número de homicídios entre candidatos é o Rio de Janeiro, com cinco ocorrências – duas delas apenas esta semana. Também foram registrados assassinatos em outros 11 estados. Três casos ocorreram na Bahia e dois em São Paulo e no Ceará. Acre, Alagoas, Goiás, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Tocantins tiveram um candidato morto por atos de violência. Entre as vítimas, seis eram do PSDB e duas do PMDB, do PTB e do PRB. PCdoB, PDT, PEN, PMB, PP, PSB, PSL e PTC também perderam candidatos assassinados.

Por não haver registros das eleições passadas, não é possível afirmar se esta é a eleição mais violenta realizada no país. O próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não dispõe de informações sobre a causa da morte dos mais de 100 candidatos que faleceram desde que registraram a candidatura, em agosto. O Congresso em Foco cruzou a relação dos concorrentes que morreram durante a campanha com o noticiário local. Ou seja, não está descartada a possibilidade de a relação dos assassinados ser ainda maior.

Nesta quinta-feira, o presidente do TSE, Gilmar Mendes, cobrou da Polícia Federal que apure a motivação de assassinatos e atentados praticados contra candidatos. Ontem o candidato a prefeito de Itumbiara José Gomes da Rocha (PTB) foi morto com tiros na cabeça em uma carreta. Um policial militar que fazia a segurança dele e o atirador também morreram. O vice-governador de Goiás, José Eliton (PSDB), e outra pessoa foram baleadas.

De olho na violência na reta final da campanha, o TSE já autorizou o envio de tropas federais para 307 municípios em 14 estados. “Ainda não se tem claro qual foi motivação, mas parece estar associado a contexto ou atuação política. Mas, realmente, se trata de um episódio chocante e deplorável para todos os títulos”, disse esta manhã o presidente do tribunal, Gilmar Mendes.

O ministro admitiu que ainda não possui informações precisas sobre o total de tentativas de assassinatos contra candidatos. “Não temos dados seguros. Estamos nos preocupando, sim, com esse quadro de violência”, afirmou. Levantamento feito pelo TSE em agosto apontava para a morte de 20 pré-candidatos e candidatos no país. Destes, 11 eram do Rio de Janeiro.

Para Gilmar, parte dos crimes tem, aparentemente, motivação política. “Alguns candidatos estão associados (ao crime organizado), o que traz uma outra preocupação, que é o crime organizado participando do crime eleitoral, que é algo delicado”, declarou.

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