Modelos e softwares que servem como plataforma para planejamento de projetos de obras públicas que agilizam os trabalhos, facilitam a fiscalização e evitam casos muito comuns que ocorrem até hoje na administração pública: os problemas são detectados quando a construção está em andamento e para corrigi-los são necessários mais recursos, os famosos aditivos.
O assunto foi debatido, na última sexta-feira, no II Fórum Qualidade em Obras Públicas promovido pela Rede de Controle de Gestão Pública em parceria com o Tribunal de Contas de Mato Grosso. Foram palestrantes o coordenador de Projetos Especiais da Secretaria de Planejamento de Santa Catarina, Rafael Fernandes Teixeira, e o professor doutor do Instituto Militar de Engenharia do Exército, coronel Paulo César Pellanda.
Na prática, nenhuma obra é igual, mas todas têm algo em comum: mobilizam uma variedade extensa de materiais, serviços e demais providências para que sua execução aconteça da forma mais eficiente possível. E dependendo do caso, gerenciar essa colaboração multidisciplinar pode ser uma tarefa complexa, mas a questão aqui é que, quanto mais dessas informações forem conhecidas, mais assertivo fica o planejamento e a construtora pode programar as atividades da obra com muito mais segurança.
Em sua palestra, Rafael Fernandes apresentou o sistema de modelagem na construção, chamado Building Information Modeling (BIM), que concentra todas as informações da obra consolidadas e integradas em uma mesma plataforma. “É um sistema que antecipa as dificuldades que podem surgir na execução da obra, reduz custo e incertezas”, diz.
O BIM, que em português significa: Modelagem da Informação da Construção, é o novo conceito quando se trata de projetos para construções. Trabalha com modelos 3D, mais fáceis de assimilar e mais fiéis ao produto final. Numa comparação simples, seria como abandonar a ideia de fazer o planejamento desenhando mapas e trabalhar diretamente com maquetes.
O projeto ideal realizado em BIM deve agregar todas as partes envolvidas no planejamento de uma construção, fornecendo informações aprofundadas sobre cada detalhe da construção e que podem ser utilizadas por todos os envolvidos, desde engenheiros e arquitetos até planejadores e responsáveis pela compra de materiais. Em um software que aplique o conceito, vários profissionais podem trabalhar no mesmo projeto ao mesmo tempo utilizando o mesmo arquivo, adicionando os dados que competem à sua especialidade e vendo as atualizações no modelo em tempo real.
O professor doutor do Instituto Militar de Engenharia do Exército, Paulo César Pellanda, explicou que existem dois sistemas de construção no Exército brasileiro: sistema de obras militares, com 12 subsedes em capitais brasileiras, e que realiza obras por contratações. E o departamento de Obras e Cooperação, quando o próprio Exército executa as obras nas áreas de transporte (rodovias e ferovias) e recursos hídricos. “Fala-se muito da importância do projeto básico mas o essencial mesmo é o planejamento e por isso o setor público tem que investir em planejamento”.