sexta-feira, 19/abril/2024
PUBLICIDADE

Mitos eleitorais

PUBLICIDADE

Muita gente que usa a Internet para disseminar seus devaneios sugere que há uma imensa conspiração das empresas de pesquisa de opinião, como IBOPE, Datafolha, Vox Populi, para nos enganar em relação às preferências populares. Ora, são empresas concorrentes entre si, não há como combinarem os resultados. E aquela que mostrar o oposto da urna vai perder muito cliente, pois elas não sobreviveriam apenas com levantamentos de preferências em eleições. Elas sobrevivem porque são instrumento essencial para o marketing e propaganda, ajudando a descobrir as preferências dos consumidores.

Pela experiência que tenho de cobertura e análise de eleições desde 1989, devo dizer que nunca saiu da urna resultado que contrariasse a tendência revelada pelas pesquisas. Para mim, portanto, a pesquisa é confiável. Mas é preciso saber interpretar a pesquisa e isso é bem simples: as manifestações de rejeição são mais importantes que as de intenção de voto. É a solidez do  “neste eu não voto de forma alguma”. E quanto à intenção de voto, entre a espontânea e a estimulada – aquela em que o pesquisador lê a lista de candidatos – , fico com a espontânea, mais forte porque traz o nome que já está no cérebro do eleitor.

            Também são importantes, quando a pesquisa ainda está distante da eleição, os percentuais de votos brancos e nulos. É de gente indecisa, que ainda vai escolher candidato ou de quem não quer nenhum dos candidatos apresentados pelos partidos. Mas atenção: pela lei atual, voto branco e voto nulo não contam para formar a exigência de metade mais um para ser eleito. Se um candidato fizer 40 milhões de votos e outro fizer 30 milhões e houver 60 milhões de votos nulos e brancos, esses 60 milhões não contam. O total de válidos será 70 milhões e será eleito o candidato de 40 milhões, porque tem mais da metade dos votos válidos.

Não acredite na balela de que mais da metade dos votos nulos anula a eleição. É uma interpretação errada do art. 224 do Código Eleitoral, que fala em “voto anulado” – por fraude ou dado a alguém cujo registro não valeu e ganhou a eleição. Aí, sim, se faz nova eleição, como já aconteceu em alguns municípios. Assim, quem não quiser nenhum dos candidatos, se votar branco ou nulo, vai tornar mais fácil a eleição de quem estiver na frente. Em lugar do protesto, é mais prático o voto útil, porque será valioso para excluir o mais pior, votando no menos pior. Deu para entender, eleitor brasileiro? Infelizmente é assim que legislaram em nosso nome.

COMPARTILHE:

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias
Relacionadas

O Estrangeiro

Já que Rodrigo Pacheco não se anima, Elon Musk...

Democracia e alienação

O Datafolha perguntou a pouco mais de 2 mil...

Fim de campanha

  Durou seis anos. Foi um longo tempo. Mais...

Sem freios e contrapesos

Quando se fala sobre o funcionamento da democracia, começa-se...
PUBLICIDADE